Doença pulmonar ligada ao vaping seria causada por vapor tóxico
As lesões pulmonares relacionadas ao vaping são provavelmente causadas pela exposição a produtos químicos tóxicos, e não a substâncias gordurosas como óleos minerais, segundo uma nova análise de tecidos de pacientes realizadas por patologistas da Clínica Mayo.
Os resultados, baseados em biópsias pulmonares de 17 pacientes de todos os Estados Unidos, podem ajudar os pesquisadores a reduzir a longa lista de casos suspeitos do misterioso surto que afetou 805 pessoas e matou pelo menos 12. O estudo está entre os primeiros a examinar um grande grupo de biópsias de pacientes com lesões pulmonares associadas à nicotina do vaping ou THC, o ingrediente psicoativo da maconha.
Em particular, as descobertas questionam uma teoria do que estaria causando o problema: que as lesões pulmonares causadas por vaping representam um tipo raro de pneumonia lipoide, causada pelo acúmulo de óleo do líquido do vaporizador dentro dos pulmões.
Nenhum dos 17 casos mostrou sinais claros de pneumonia lipoide, como a presença de grandes gotas de óleo nos pulmões, disse Brandon Larsen, patologista cirúrgico da Clínica Mayo em Scottsdale, Arizona, e um dos autores do estudo publicado na quarta-feira na revista New England Journal of Medicine.
“O tipo de lesão que vemos no pulmão não é lesão do acúmulo de óleo”, disse Larsen. “É um tipo de lesão que parece ser uma lesão química tóxica” semelhante à causada por vapores tóxicos ou gás venenoso. As biópsias pulmonares não fornecem pistas sobre o que pode ser a toxina, mas Larsen disse suspeitar que possa haver algum tipo de contaminante no líquido do vaporizador.
O estudo da Clínica Mayo também forneceu novas evidências de que as lesões pulmonares relacionadas ao vaping não são totalmente novas. Os 17 casos incluem dois anteriores não relatados anteriormente, de 2016 ou 2017, que antecedem o surto atual. A Bloomberg News informou anteriormente que houve pelo menos 15 casos de lesão pulmonar por vaping anteriores a este ano.
“Este não é um fenômeno novo”, disse Larsen. Embora o número de casos tenha aumentado recentemente, o problema já ocorre “há alguns anos”.
Duas das biópsias eram de pacientes da Clínica Mayo e o restante de hospitais de todo o país que enviaram amostras para a Clínica Mayo para uma segunda opinião. Consistente com as descobertas anteriores, 12 dos 17 pacientes tinham histórico de vaping com maconha ou óleos de cannabis.