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Doações em criptomoedas para financiar grupos extremistas crescem na Europa com avanço da extrema-direita, diz análise

24 jan 2025, 13:01 - atualizado em 24 jan 2025, 13:01
Esse aumento provavelmente é impulsionada por narrativas crescentes de supremacia branca, nacionalistas, antissemitas e de negação do Holocausto, bem como por organizações focadas em "remigração", que defendem a reversão das tendências migratórias, diz a Chanalysis.

As criptomoedas têm um problema que surgiu desde a concepção de seu próprio conceito: o financiamento de atividades criminosas pelo mundo. Um estudo da Chainalysis, empresa especializada em segurança e análise em blockchain, mostrou que houve uma diminuição no uso de moedas virtuais para o financiamento de grupos e programas criminosos em todo o mundo. 

No entanto, o levantamento chama a atenção para o crescimento de doações para grupos supremacistas brancos na passagem de 2023 para 2024, com um aumento de 269% nesse intervalo. Grupos nacionalistas e conspiracionistas vêm na sequência, com um incremento de 164% e 70%, respectivamente. 

Mesmo assim, em números absolutos, a Europa ainda está atrás dos Estados Unidos no número de doações com criptomoedas.

Enquanto no período entre 2012 e 2024 os europeus destinaram US$ 1,9 milhão para esses grupos, os norte-americanos enviaram mais de US$ 20 milhões para integrantes dessas ideologias. 

Esse aumento provavelmente é impulsionada por narrativas crescentes de supremacia branca, nacionalistas, antissemitas e de negação do Holocausto, bem como por organizações focadas em “remigração”, que defendem a reversão das tendências migratórias, diz a Chanalysis.

Dificuldades para encontrar e punir criminosos

Em primeiro lugar, a própria legislação só começou a se preocupar com esses tipos de grupos recentemente.

Até mesmo categorizá-los como “grupos criminosos”, como acontece com organizações terroristas como o Estado Islâmico (ISIS) ou o Boko Haram, é um desafio para os legisladores. 

Isso porque essas organizações terroristas são definidas por atos de violência que atendem a critérios específicos, enquanto os grupos supremacistas — ainda que estimulem direta ou indiretamente a violência contra grupos e pessoas — não se enquadram nas atuais leis internacionais.

Além disso, as transações em criptomoedas têm um caráter semi-anônimo, o que significa que é mais difícil rastrear movimentações financeiras com elas. As mais utilizadas, segundo o Chainalysis, são o próprio bitcoin (BTC) e a monero (XMR) — esta última com mecanismos ainda mais refinados que garantem o anonimato. 

A que se deve esse aumento de grupos extremistas?

O documento da Chainalysis diz que houve um aumento da polarização política, em especial em 2022, ano da pandemia, o que culminou com a disseminação de ideias de extrema-direita em todo globo, em especial na Europa. 

Na Alemanha, o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) obteve uma vitória histórica, tornando-se a segunda força política em várias regiões do país, enquanto na França, o Reunião Nacional (RN) alcançou cerca de 28% das intenções de voto, tornando-se a principal legenda do país, entre outros.

Durante as eleições parlamentares de 2024 na Europa, a Chainalysis identificou um aumento no valor médio das doações para grupos de extrema-direita, o que é um forte indicador de aumento do apoio dos doadores a essas ideologias.

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renan.sousa@moneytimes.com.br
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