Do salto à queda: O que explica o movimento das ações da CVC (CVCB3)?
A CVC Brasil (CVCB3) está no radar do mercado, com as ações oscilando entre fortes avanços e desvalorizações desde a semana passada.
A companhia subiu bem nos primeiros pregões da última semana, seguindo a disparada de outros papéis do setor de turismo.
Na segunda-feira (6), as ações da Azul (AZUL4) saltaram quase 38%, após a divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2022 e de 2022, que mostraram recuperação no comparativo anual. Além disso, a empresa chegou a acordos com arrendadores de aeronaves responsáveis por 90% de seus passivos de arrendamento.
Os papéis da Gol (GOLL4) dispararam mais de 20% em meio à divulgação de dados preliminares do tráfego de fevereiro, mostrando recuperação da demanda internacional e melhora no ambiente doméstico.
A CVC também subiu forte no pregão. No caso da companhia, o desempenho aconteceu após a notícia de que a companhia iria anunciar uma reestruturação de sua dívida de curto prazo envolvendo R$ 600 milhões com vencimentos entre abril e junho.
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Sob rumores, CVCB3 continuou subindo nas sessões seguintes, até que o movimento de alta foi interrompido na última sexta-feira (10), quando a companhia confirmou que havia acertado um acordo com os debenturistas sobre os principais termos e condições de reperfilamento dos títulos de dívida.
Na ocasição, a CVC acabou se comprometendo com outro aumento de capital de, no mínimo, R$ 125 milhões até novembro de 2023.
As ações acabaram fechando o pregão em queda de 17,75% no dia.
Ação volta a tombar
No pregão desta quarta-feira (14), a ação da CVC figurou entre os destaques de baixa. O papel derreteu 7,89%, negociado a R$ 3,27.
O desempenho acontece após o JPMorgan cortar a recomendação da ação, indo de “neutro” para “underweight” diante de tendências mais negativas para o crescimento das receitas, reflexo da dinâmica de consumo mais desafiadora. O banco também retirou o preço-alvo para a ação.
Apesar do alívio de caixa no curto prazo, com o acordo dos títulos de dívida, analistas avaliam que a companhia ainda precisa de aproximadamente R$ 1 bilhão de caixa adicional para manter o crescimento.
Joseph Giordano e a equipe de análise de Varejo e Saúde da América Latina dizem que ainda veem a necessidade de CVC ter mais caixa para continuar crescendo, “diante do contexto em que a alavancagem ajustada estimada de 5,3 vezes para 2023 não está em níveis confortáveis”.
De acordo com o JPMorgan, o aumento de capital pré-acertado como parte do reperfilamento da dívida é uma fonte de volatilidade para as ações, visto que o preço e o volume ainda são desconhecidos pelo mercado.
Luis Novaes, da Terra Investimentos, explica que o mercado não enxergou a renegociação como algo que modificasse a perspectiva da empresa, apesar de ser positiva para a liquidez da CVC no curto prazo, justificando a correção do ativo nos dias subsequentes.
“Nesse sentido, a CVC anunciou que tomará novas decisões que suportem a necessidade de caixa da empresa, como outro aumento de capital até o fim do ano”, destaca.
O analista enxerga o ambiente macroeconômico pressionando o setor de turismo por mais alguns trimestres, com possível recuperação no próximo ano.
Segundo Novaes, a incerteza sobre a estabilidade fiscal, que pode acarretar inflação e prejudicar a disponibilidade de renda da população, e um sistema bancário mais conservador na concessão de crédito tornam o cenário mais nublado para a companhia.