Do fundamento virá o alfa do próximo ciclo, diz Adeodato Netto, da Eleven
Vai perder dinheiro quem estiver apostando contra o Brasil. Em síntese, este é o recado de Adeodato Netto, estrategista-chefe da empresa de análises financeiras Eleven Financial Research, em carta mensal divulgada ao fim da semana passada.
No documento “Macro Brasil 2017 – Setembro”, além de enaltecer o apetite por ativos brasileiros, com destaque para as emissões de dívida por parte das empresas, Adeodato destaca que o “mercado começa a ajustar os denominadores da relação Preço/Lucro”.
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Isso quer dizer refazer projeções sobre os números considerando a nova dinâmica das empresas pós-recessão, forçadas a eliminar desperdícios, controlar endividamento e focar na sobrevivência dos negócios. Trocando em miúdos, o êxito em eficiência operacional eleva o potencial de alta nos preços das ações. Muda o denominador tornando o múltiplo mais atrativo.
“Varejo, indústria, setor financeiro, saúde, educação. Escolha seus ativos. Fundamento vence o fluxo em momentos de transformação. E o fluxo é muito forte, ou seja, do fundamento virá o ‘alfa’ do próximo ciclo. Tente combinar os dois e boom!, você está na ponta certa”, diz o texto.
Daí também deriva o interesse dos investidores. “Gringo vai comprar Brasil. Pelo menos por mais um tempo. E comprar mais do que a Bolsa. Tem gap em infraestrutura, educação, tecnologia, saúde. Tem ativo para todo gosto. (…) Do Tio Sam ao Xing-Ling, todo mundo está entendendo esta realidade, e cada vez mais pronto para comprar Brasil. A relação entre o que é escasso e abundante por aqui, nesta janela temporal, joga substancialmente a nosso favor. Brazil é buy!”, escreve o estrategista-chefe da Eleven.
Selic e PIB
A carta mensal da Eleven também traz estimativas para variáveis macroeconômicas brasileiras. A expectativa para a taxa Selic foi reduzida para 7,25% ao ano ao fim de 2017. A equipe de economia prevê mais um corte de 0,75 ponto percentual em outubro, seguido por outro de 0,25 ponto em dezembro. Atualmente, o juro básico se encontra no patamar de 8,25% ao ano.
No quesito crescimento da economia, o relatório assinado por Adeodato, Rafael Bevilacqua e Thomaz Sarquis enfatiza a variação positiva de 0,2% do PIB no segundo trimestre e cita dados de geração de emprego para reiterar o prognóstico de expansão de 1,5% em 2017 – previsão estipulada ao fim do ano passado.
“Focus e bancos ajustam suas previsões cada dia mais para cima. Provavelmente cravem o número correto na última semana de dezembro. Enfim, a resultante é que para o ano seguinte, 2018, no qual teremos a eleição majoritária mais importante da nossa história, se ficarmos ‘flat’ o ano todo, o PIB fecha o ano que vem em +1,8%”, escreve Adeodato.
Focus
Nesta segunda-feira (18), o relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, mostrou que os economistas reduziram a projeção para a taxa Selic em 2018 e melhoraram a estimativa para o crescimento do PIB no ano que vem.
A previsão para a Selic este ano permaneceu em 7,00% ao ano, mas caiu de 7,25% para 7,00% ao ano para o fim de 2018. A expectativa de alta para o PIB deste ano seguiu em 0,60%. Para 2018, o mercado elevou a perspectiva de crescimento do PIB de 2,10% para 2,20%.