Do carvão aos carros, enchentes na China causam desordem em cadeias de oferta
As enchentes que afetam a região central da China e submergem áreas de um importante centro econômico e de transportes do país têm ameaçado as cadeias de oferta de diversos produtos, que vão de carros e eletrônicos a suínos, amendoim e carvão.
A energia foi parcialmente restabelecida e alguns trens e voos operavam nesta quinta-feira, mas analistas afirmaram que interrupções podem perdurar por vários dias, elevando preços e desacelerando negócios na densamente povoada região de Henan e em províncias vizinhas.
A capital de Henan, Zhengzhou, que possui 12 milhões de habitantes e está localizada 650 quilômetros a sudoeste de Pequim, é a junção das principais linhas ferroviárias de alta velocidade que ligam norte-sul e leste-oeste, com conexões para as principais cidades chinesas a partir de uma das maiores estações da Ásia.
O transporte de carvão –que gera a maior parte da energia chinesa– a partir de importantes regiões mineradoras, como a Mongólia Interior e Shanxi, via Zhengzhou, para as regiões central e leste da China foi “severamente impactado”, disse o órgão estatal de planejamento na quarta-feira, em momento em que usinas lutam por combustíveis para atender ao pico de demanda no verão local.
“Como Zhengzhou é um importante centro nacional de transporte e a província de Henan é uma grande produtora de grãos, matérias-primas e alguns produtos manufaturados, como iPhones, acreditamos que as chuvas e inundações terão um impacto significativo na atividade comercial e na inflação no curto prazo”, disseram analistas do Nomura.
A Foxconn, que produz iPhones para a Apple em uma fábrica em Zhengzhou, disse que não houve impactos diretos à sua principal instalação.
As enchentes atingiram linhas de metrô e arrastaram milhares de carros, matando pelo menos 33 pessoas, cortando ligações rodoviárias e interrompendo o fornecimento de energia e serviços de telefonia celular em várias partes da região.
As inundações também podem ter um impacto de longo prazo na produção agrícola, pois as águas das chuvas podem espalhar doenças por fazendas. No ano passado, as fortes chuvas no sul do país foram responsabilizadas pelo ressurgimento da peste suína africana, que é mortal para os porcos.