Divulgado amanhã, dado de inflação (CPI) deve estressar mercados e amparar Fed
Após o payroll de janeiro indicar a criação de quase 520 mil vagas, os mercados voltam para o CPI do primeiro mês do ano em busca de sinais mais promissores do combate à inflação.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) tem apresentado uma tendência clara de desaceleração desde junho do ano passado, quando chegou ao nível de 9,1% — o maior para os EUA em mais de 40 anos.
Mas o caminho para a meta de 2% do Federal Reserve ainda está longe de ser completado, como já cansou de dizer o presidente da autoridade Jerome Powell em suas aparições públicas. Atualmente, a taxa de juros dos EUA está entre 4,50-4,75%.
Para a próxima leitura, William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, espera um avanço de até 0,5% na comparação mensal e um trânsito do índice até um ‘teto’ de 6,2%.
“Qualquer leitura acima disso [dos 0,5% mensais e 6,2% anuais] tende a repercutir negativamente nos mercados e ativos de risco no geral”, complementa o estrategista-chefe da Avenue.
As estimativas do modelo de previsões da distrital de Cleveland do Fed, nesse sentido, são mais amargas para os investidores: janeiro deve trazer um CPI de 6,48% em 12 meses, com o núcleo da inflação (que desconsidera itens voláteis como alimentos e energia) a 5,59% na mesma base de comparação.
O número mais ‘agressivo’ vem na esteira de duas revisões altistas referentes, respectivamente, aos meses de novembro e dezembro de 2022: em novembro, o índice cresceu 0,3% (ao invés dos 0,2% inicialmente pubicados); em dezembro, o avanço do CPÌ foi de 0,4%, 0,1 pp. acima da primeira divulgação.
De acordo com o estrategista da Avenue, a pressão de alta na inflação se dá pelo avanço do preço dos combustíveis e energia, alimentos e possivelmente serviços. Do lado da baixa, estão os preços dos aluguéis e de carros usados.
Castro menciona que a surpresa mais indigesta para o dado em janeiro está em convergência com um aumento da confiança do consumidor e dos gastos públicos, provendo mais pressão para o lado da demanda de bens e serviços.