Coluna do Daniel Abrahão

Dividendos: O que muitos não te contam?

24 nov 2023, 12:57 - atualizado em 24 nov 2023, 12:58
dividendos
Embora os dividendos sejam isentos de Imposto de Renda, é obrigatório informá-los à Receita Federal na declaração anual (Imagem: REUTERS/Bruno Domingos)

Você já imaginou ter uma fonte de renda constante e viver dos rendimentos de dividendos? A independência financeira é um horizonte desejado por muitos investidores, uma realidade onde os investimentos geram ganhos suficientes para suportar as despesas e garantir uma vida próspera.

Os dividendos foram alvo de busca para aqueles que almejam esse objetivo. Traçar metas e planos de investimento alinhados a esse propósito é crucial para quem está determinado a trilhar esse caminho.

No entanto, compreender verdadeiramente o seu funcionamento e os momentos oportunos para usufruir desses benefícios é essencial. Antes de entrarmos em detalhes, saiba que no final deste texto, uma informação peculiar sobre dividendos aguardados por você.

Vamos começar com uma definição básica do termo “dividendos”, como encontrada no dicionário: “Parte dos lucros líquidos de uma empresa mercantil, correspondente a cada uma das ações formadoras do seu capital.”

Porém, essa definição pode soar um tanto abstrata. O termo “dividendo”, derivado do verbo dividir, refere-se à distribuição dos lucros de uma empresa entre seus acionistas, após descontos de imposto de renda e contribuições sociais.

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Quando uma empresa prospera e obtém lucro, ela é legalmente obrigada em sua maioria a destinar pelo menos 25% desses lucros aos acionistas. Os dividendos podem ter diversas frequências: mensal, trimestral, semestral, anual, entre outras, desde que especificados no estatuto da empresa.

Os detentores de ações preferenciais têm direito a uma parcela fixa do lucro e recebem o pagamento prioritariamente.

Em seguida, os dividendos são distribuídos às operações ordinárias. Isso explica a divisão entre ações preferenciais e ordinárias, inclusive. Normalmente, esse pagamento é feito em dinheiro, depositado diretamente na conta do acionista.

Embora os dividendos sejam isentos de Imposto de Renda, é obrigatório informá-los à Receita Federal na declaração anual. Entretanto, há debates em curso no Congresso Nacional sobre a tributação desses ganhos financeiros.

Quais empresas são as melhores pagadoras de dividendos?

As ações de empresas em setores não-cíclicos oferecem uma previsibilidade maior nas distribuições de dividendos, tais como energia, bancos, saneamento e telecomunicações.

Por outro lado, companhias em setores cíclicos ou mais voláteis, como petróleo, mineração e varejo, tendem a ter pagamentos de dividendos mais incertos.

O que é o IDIV?

O Índice Dividendos (IDIV) constitui uma carteira teórica elaborada pela B3, semelhante ao índice Ibovespa. A carteira IDIV, válida até o final de 2023, é composta por 46 empresas reconhecidas por seus sólidos históricos de pagamentos de dividendos.

O que é o Dividend Yield?

O Dividend Yield é uma métrica crucial para comparar o montante de dividendos distribuídos por ação em % durante um período de 12 meses.

Ele relaciona o valor do dividendo por ação com a cotação da ação. O cálculo é realizado dividindo-se o valor dos dividendos por ação pelo preço da ação um ano antes, multiplicado por 100.

Além disso, é possível divulgar o Dividend Yield esperado para os próximos 12 meses, com base nas expectativas em relação à empresa em questão.

O que significa “data com” e “data ex”?

Os investidores que possuem ações na “data com”, sempre anunciadas pela empresa a cada pagamento divulgado, têm direito a receber os dividendos. Já no pregão seguinte, quando esse direito não é mais válido, temos a “data ex”.

Informação valiosa

No início deste texto, foi mencionado um dado relevante sobre os dividendos. O investidor (acionista da empresa) que recebe dividendos não vê seu patrimônio aumentar.

Sim, é isso mesmo. A cobrança de dividendos não acresce patrimônio, ou seja, não resulta em um enriquecimento ou empobrecimento direto. Isso significa que não há um aumento nos valores investidos na corretora.

Vejamos um exemplo: você tem uma ação de uma empresa que possui ações cotadas a R$100,00, e o pagamento de dividendos ou Dividend Yield foi de 20% no ano. Isso indica que você receberá R$20,00, normalmente creditados na sua conta da corretora.

Aqui está o que muitos não sabem (e estou certo de que você, caro leitor, já suspeitava): a ação de R$100,00, após distribuir R$20,00 em dividendos, passará a valer R$80,00. Na prática, após a coleta dos dividendos, o saldo na corretora será mantido em R$100,00, com R$80,00 provenientes da ação e R$20,00 em dinheiro na conta.

Agora que deciframos os dividendos e seu impacto, surge uma questão intrigante: como equilibrar a busca por renda passiva com a manutenção e crescimento do patrimônio? O caminho para a independência financeira é uma compreensão detalhada de cada componente do mercado de investimentos.

A decisão sobre como direcionar e otimizar seus investimentos torna-se uma peça crucial na jornada rumo à liberdade financeira.

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