Comprar ou vender?

Dividendos: ‘Eu torço para as ações caírem’; Barsi explica como ter uma carteira mensal vencedora

04 jun 2024, 16:02 - atualizado em 04 jun 2024, 19:08
Luis Barsi
As falas ocorreram na pré-estreia do documentário ‘INSS: A Bomba Relógio do Brasil’ (Imagem: Bernardo Coelho)

Ter uma ação na carteira que dispara pode não ser tão bem recebido por Luiz Barsi, o maior investidor pessoa física da Bolsa. Segundo a Forbes, em 2023, Barsi ostentava patrimônio de R$ 4 bilhões.

Conhecido como Rei dos Dividendos e por seu método de ganhar dinheiro com empresas que pagam proventos, o bilionário deu o ‘caminho das pedras’ para aqueles que gostariam de formar uma carteira mensal de renda, visando se aposentar.

“Por paradoxal que seja, eu torço para as ações baixarem, diferentemente da grande maioria que torce para subir. Por quê? Porque as ações baixando, eu tenho um privilégio dos meus recursos comprarem uma quantidade maior de ações”, explica.

Segundo Barsi, o investidor ganha com dividendos por quantidade possuída, e não por valor aplicado. “Você tem que comprar a maior quantidade possível de ações. E para que você possa comprar a maior quantidade possível de ações, é interessante que o mercado caia para você comprar mais”, coloca.

Para exemplificar, Barsi cita a Klabin (KLBN11), que segundo ele, aparentemente, paga um dividendo pequeno, de R$ 0,06 a R$ 0,07 por trimestre. Porém, para quem tiver 100 milhões de ações, vai ganhar R$ 6, 7 milhões por trimestre. “Então, a quantidade de ações é um fator determinante para você ter uma boa renda mensal. E, claro, você segurar as ações para que elas possam gerar esse benefício”, complementa.

As falas ocorreram na pré-estreia do documentário ‘INSS: A Bomba Relógio do Brasil’, que contou com a participação de economistas como Eduardo Giannetti e Mansueto Almeida, além, claro, de Barsi. Produzido pela instituição Ações que Garantem o Futuro (AGF), o documentário ficará disponível gratuitamente no Youtube a partir de 10 de junho.

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Paciência não faz mal a ninguém

Barsi, que aplica o mesmo método desde 1970, afirma que é possível começar a acumular patrimônio com pouco capital. Mas é preciso ter paciência e reinvestir o dinheiro dos dividendos nas próprias ações.

“Quem tem já uma carteira de renda mensal pode ampliá-la se prosseguir desenvolvendo a mesma postura. Eu não tenho nem como gastar o que eu ganho de aposentadoria. Então, o que eu faço? Eu compro mais ações. E mais ações, é claro, de empresas que representem aquilo que está dentro da minha análise. Ou seja, empresas perenas e que ostentem sustentabilidade”, coloca.

Entre os papéis favoritos do investidor, estão elétricas, bancos, como Banco do Brasil (BBAS3), e seguradoras, como IRB (IRBR3).

  • 5 AÇÕES PARA BUSCAR DIVENDOS: Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, revela quais são as ações mais recomendadas para investir em junho e buscar bons dividendos, segundo a carteira mensal da casa de análise. Veja no Giro do Mercado desta terça-feira (4):

Investidor ou especulador?

Ainda para Barsi, o mercado incentiva que investidores foquem no curto prazo, ao invés de investirem pensando no longo prazo.

“O fantasma da bolsa, lamentavelmente, é criado pela própria bolsa. Hoje, nós temos uma quantidade de pessoas, de CPFs, inscritos na bolsa, mas eu acredito que 98% desse pessoal não é investidor. Esse pessoal, eles são quase que sempre, por inúmeras razões, direcionados para serem especuladores”, discorre.

A equação é simples: a compra e venda intensa de papéis gira o capital por mais vezes, aumentando o volume, e, por sua vez, as corretagens. “Eu acho que uma instituição tem que cobrar corretagens. Mas tem que orientar o cidadão a tentar formar um portfólio capaz de assegurar um conforto financeiro”, completa.