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Dividendos em risco? Oferta da Petrobras (PETR4) a bloco de exploração na Namíbia pode afetar proventos, dizem analistas

29 jul 2024, 13:19 - atualizado em 29 jul 2024, 13:25
Petrobras dividendos
(Imagem: Agência Petrobras)

Na expectativa pelo relatório de produção do segundo trimestre, as ações da Petrobras (PETR3; PETR4) caem com petróleo no mercado internacional e recuam mais de 1% — mantendo o principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, em território negativo. 



O principal motivo por trás da queda é outro. Os investidores reagem à eventual oferta da estatal por um bloco de exploração da Galp, na Namíbia — e o possível impacto nos dividendos da petroleira. 

Na última sexta-feira (26), a diretora de Exploração e Produção da estatal, Sylvia dos Anjos, disse à Reuters que a Petrobras fez uma oferta não vinculante para comprar a operação e uma fatia do bloco de exploração de petróleo e gás de Mopane, na Namíbia. 

Segundo a executiva, a estatal foi convidada pela empresa portuguesa Galp, dona de fatia majoritária de 80% no bloco, para fazer parte do processo competitivo. 

A descoberta do Campo Mopane pela Galp, que tem reservas estimadas em 10 bilhões de barris de petróleo e gás equivalente, seria avaliada em mais de US$ 10 bilhões, segundo algumas estimativas. 

A empresa portuguesa lançou em abril o processo de venda de metade da sua participação de 80% na Licença de Exploração Petrolífera 83 (PEL-83). A diretora da Petrobras não especificou se a oferta é para os 40% que a Galp quer vender.

Vale lembrar que a Galp é parceira da Petrobras em diversos campos do pré-sal como Tupi, Atapu e Sépia. 

Além disso, a proposta acontece em momento em que a petrolífera brasileira tem enfrentado dificuldades para obter licenciamentos ambientais para avançar com a exploração no Brasil, em meio a uma greve do Ibama.

Dividendos da Petrobras em risco? 

A oferta pelo bloco de exploração na Namíbia está alinhada com as declarações recentes da empresa, na avaliação do Citi. 

“Em 13 de maio de 2024 um dos diretores da gestão de Prates revelou que a empresa estava negociando uma fusão ou aquisição (M&A) na Namíbia”, escrevem os analistas do banco. 

Mas o Citi afirma que ainda que a participação no PEL-83 da Galp possa gerar um “bom fluxo de caixa”, a operação pode impactar negativamente os pagamentos dos dividendos no curto prazo, escrevem Gabriel Barra e Andrés Cardna, em relatório. 

Na mesma linha, o BTG Pactual também considera que a aquisição pode diminuir o pagamento de proventos. 

“Mesmo que nosso modelo já inclua US$ 2 bilhões em fusões e aquisições, a conclusão da operação [pelo Campo de Mopane] provavelmente reduziria a ‘almofada de risco’ para as nossas previsões de pagamentos [de dividendos] e os investidores exigiriam um prêmio de risco mais elevado para ter Petrobras [na carteira”, escrevem Pedro Soares, Henrique Pérez e Thiago Duarte. 

Sendo assim, os analistas veem com cautela a operação, dada o histórico ruim da Petrobras em alocação de capital no exterior e as recentes mudanças na gestão da empresa — ou seja, a notícia deve ser encarada como negativa pelos investidores. 

“Embora reconheçamos que as decisões no segmento de produção e exploração (upstream) devem ser tomadas com bastante antecedência, recomendamos cautela até que a Petrobras forneça mais dados sobre os seus objetivos com Mapone”, dizem em relatório. 

Por outro lado, eles afirmam que o bloco exploratório na Namíbia atraiu o interesse de grandes empresas como a ExxonMobil e a Shell, “o que pode oferecer alguma garantia sobre o potencial ativo”. 

A XP manteve uma posição neutra em relação à oferta. “É incerto se a oferta da Petrobras prevalecerá. A Reuters também informou que várias outras empresas fizeram ofertas pelo ativo”, afirmam Regis Cardoso e Helena Kelm, em relatório. 

Os analistas da XP dizem que receberam ‘com satisfação’ a alocação de capital da Petrobras para produção e exploração e reconhecem que a empresa é uma das melhores operadoras de águas profundas do mundo e que a Namíbia é uma nova e prolífica fronteira exploratória. 

“No entanto, somos menos construtivos em relação à diversificação da Petrobras para fora de seus principais ativos no Brasil”, escrevem Cardoso e Kelm, da XP. 

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