Dividendos do BB (BBAS3) podem cair com aumento de provisão? Banco responde
O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou os resultados do segundo trimestre com lucro de R$ 9,7 bilhões, acima das expectativas.
Com ele, contudo, a instituição também trouxe uma notícia que, a primeira vista, parece preocupante, com a revisão do seu guidance prevendo gastos maiores com provisões, saindo da faixa de R$ 30 bilhões a R$ 27 bilhões para R$ 31 bilhões a 34 bilhões em 2024.
No primeiro semestre, o banco provisionou R$ 16,3 bilhões. Essa piora já era esperada por analistas e havia sido alertada pelo próprio BB.
Mas esse aumento pode, de alguma forma, afetar a remuneração de acionistas? Questionado pelo Money Times em teleconferência de resultados, o diretor de relações com investidores, Geovanne Tobias, afirmou que não. Ele diz que o aumento das provisões será compensado pela elevação das margens financeiras, que passou de 7% a 11% para de 10% a 13%.
“Acreditamos que entregando o lucro que propomos no guidance, os dividendos não vão ser impactados, mesmo com o aumento das provisões. É importante que o aumento da provisão está sendo contrabalançado com o aumento dos negócios”, disse.
Ele defendeu ainda que as provisões são muito pontuais para determinados segmentos e linhas e não é algo generalizado. “Desde o início, eu falei, está sob controle. Então, os acionistas podem ficar tranquilos, não vamos ter nenhum impacto negativo nos dividendos que vamos pagar para eles ao longo de 2024″, completou.
O Banco do Brasil é considerado um grande pagador de proventos. A estatal, inclusive, liderou as indicações de corretoras para o mês de agosto em levantamento exclusivo do Money Times, com 13 indicações, entre 20 portfólios.
Para o Santander, as ações negociam a um múltiplo de preço frente ao valor patrimonial por ação (P/VPA) de 0,81x e, após fechar o gap de rentabilidade com os bancos privados, o próximo passo é estreitar o gap de valuation. “Acreditamos que ainda existe um risco assimétrico para cima em seu valuation“, afirmam.
O banco distribuirá R$ 2,6 bilhões em proventos, sendo R$ 866 milhões em dividendos e R$ 1,7 bilhão em juros sobre o capital próprio.
Banco do Brasil: Analistas estão vendo copo meio vazio?
A piora de algumas margens, como a inadimplência e a margem com cliente, foram citadas como pontos de atenção por analistas, além da deterioração no agronegócio, considerado a força motriz do banco. Porém, segundo Tobias, o atual resultado não é ‘novidade para ninguém’. Ele diz que o BB já havia alertado para a tendência de alta da inadimplência no segmento para o nível histórico, perto de 1,5%. Agora, o executivo afirma que a estatal está fazendo esforço para a recuperação.
“Tivemos uma conjuntura, por exemplo, no campo com queda do preço de commodities, com alta do dólar, que acabou fazendo com que pontualmente muitos produtores decidissem atrasar os seus pagamentos. O próprio atraso na liberação do novo Plano Safra também prejudicou. Agora, não se trata de um problema estrutural ou setorial em que você vê uma inadimplência, totalmente disseminada”, diz.
Para ele, os analistas estão optando por olhar a história do Banco do Brasil como um copo meio vazio. Analistas também citaram a piora da margem. O BTG, por exemplo, destaca uma “bandeira amarela” na qualidade dos ativos, que combinada com um agravamento de margem financeira dos clientes (devido à queda dos spreads) e uma falta de visibilidade na estimativa da margem financeira com mercado (especialmente no caso da Patagônia), está se tornando cada vez mais difícil acreditar no crescimento dos lucros no futuro.
“Agora, como é que você avalia um resultado, um lucro de R$ 18,8 bilhões no primeiro semestre, garantimos uma entrega desse lucro entre R$ 37 bilhões a R$ 40 bilhões por ano, mantendo a rentabilidade acima de 20%. Isso é um resultado ruim? Ah, mas a sua margem com clientes no trimestre… Olha a volatilidade que a gente está tendo. E estamos aproveitando, inclusive, essa volatilidade, fechando proteção para nossos clientes, ganhando na nossa tesouraria”, completa.