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Dividendos do Banco do Brasil (BBAS3): Por que é cedo para sonhar com payout de 50%, segundo CFO

30 out 2024, 16:51 - atualizado em 31 out 2024, 10:06
Tobias
(Imagem: Renan Dantas/Money Times)

No início do ano, o Banco do Brasil (BBAS3) deu um belo presente para o investidor, com o aumento dos dividendos distribuídos (payout) de 40% para 45%.

Mas como nunca estão satisfeitos, investidores presentes no AFG Day, plataforma com foco em geração de renda passiva com dividendos, que se baseia na metodologia de investimentos criada por Luiz Barsi, Geovanne Tobias, se seria possível pensar em payout de 50% para os próximos trimestres. Para o executivo, porém, é cedo para tratar do tema por questões regulatórias do setor.

Isso porque está previsto para janeiro os ajustes relacionados ao que chamam de 4966, que é a implementação da fase 2 da Basileia 3.

“Exigirá muito capital, ajustes de provisão, mudanças de metodologia e também na perda esperada. Ainda não há uma visão clara do que isso significará em termos de impacto no capital. O capital é o coração do negócio, pois é ele que permite colocar a máquina para girar e fazer o que é necessário”, diz.

Tobias diz que o banco até estudou o impacto de elevar o payout para 50%. Porém, chegou a conclusão que o melhor era um meio-termo.

“Mantendo o conservadorismo, entendemos que 45% era um bom ajuste, enquanto 50% ainda parece alto; vamos aguardar as condições se estabilizarem”.

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Preconceito com Banco do Brasil

Tobias também foi questionado sobre o desconto histórico da estatal em relação aos bancos privados. Por ser controlado pelo governo, a cada quatro anos o BB vive a expectativa de troca do comando.

“Um novo presidente que pode ser de qualquer espectro político. Está na Constituição que compete ao presidente do Brasil, como acionista controlador, indicar o presidente do Banco do Brasil. Para o investidor, isso é difícil de entender, o que afeta o valuation do Banco do Brasil”, afirma.

Apesar disso, o CFO diz que o BB possui uma forte cultura de valorizar a prata da casa, com uma governança que garante perenidade e constância, “sem mudança de rumo a cada quatro anos”. “O Banco do Brasil tem uma trajetória que foi sendo construída ao longo de gerações”.

“Essa cultura forte tem, sim, preconceito em razão de uma governança diferente. Comparar com o Itaú (ITUB4) é diferente, pois eles operam em um outro modelo, embora estejamos no mesmo mercado”.

Ele lembra também que há uma questão geográfica: enquanto o bancão é mais concentrado no Sudeste, o BB está mais espalhado.

“Vejo relatórios de analistas aplicando um desconto de 30% no preço do Banco do Brasil por conta da governança e interferência política. Então, esse valuation tem, sim, uma questão política e uma dificuldade de entendimento do nosso modelo de negócio, que atua tanto no atacado quanto no varejo e no agronegócio“, completa.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.