Dividendos de petrolíferas internacionais rendem mais de 6% ao ano
No atual ambiente de juros baixos ao redor do mundo, é difícil encontrar alternativas para obter rendimentos mais elevados. As melhores taxas de certificados de depósito giram em torno de 2,25% para o prazo de um ano, enquanto os títulos de 10 anos do Tesouro americano oferecem 1,57%.
Com juros tão baixos, é natural que os investidores que buscam renda com suas aplicações recorram a outras opções para obter retornos maiores, e uma área a ser observada é o setor de energia.
Quando o assunto é dividendos, as ações de empresas petrolíferas geralmente batem o mercado. Para explicar por que elas oferecem rendimentos tão generosos – em alguns casos, de até a 7% – os investidores devem entender que essas empresas são pagas para se expor aos preços altamente voláteis do petróleo.
O exemplo mais recente desse ciclo de ascensão e queda nos mercados de energia foi a forte desvalorização do petróleo a partir de 2014, depois de uma intensa corrida na década anterior, na qual os preços da commodity chegaram a ser negociados a mais de US$ 100 por barril.
Mas a queda de 2014 foi tão forte e dolorosa que obrigou diversos produtores a reduzir ou mesmo cancelar a distribuição de dividendos, à medida que os preços afundavam. Tendo esses riscos em mente, os investidores ainda podem encontrar algumas barganhas no setor internacional de energia. Conheça duas empresas que os investidores com fome de rendimentos podem considerar no mercado internacional:
1. Royal Dutch Shell
Entre as grandes petrolíferas, é difícil ignorar a Royal Dutch Shell (RDSa) quando o assunto é distribuição robusta de dividendos. A empresa paga um dividendo trimestral de US$ 0,94 por ação, o que corresponde a um dividend yield (relação entre o dividendo pago por ação e a cotação do último dia do ano) de 6,65% com base no fechamento de ontem.
As ações fecharam o pregão de ontem com alta de 1%, negociadas a US$ 57,26. No ano, o papel se desvalorizou 2%, após um salto de 45% desde a mínima de 2016. Na última atualização de estratégia da companhia em junho, a petrolífera anglo-holandesa prevê uma geração de caixa muito mais forte nos próximos anos. Isso pode significar que a companhia terá condições muito melhores de elevar seus dividendos, os quais manteve estáveis nos últimos quatro anos.
A Shell afirma que pode gastar US$ 125 bilhões em dividendos e realizar recompras de ações entre 2021 e 2025. A companhia distribuiu US$ 16 bilhões em dividendos anuais no ano passado, sem falar no seu atual programa de recompra de ações, cujo valor médio é de um pouco menos de US$ 10 bilhões ao ano.
Mas essa previsão pode ser otimista demais se o atual ciclo de baixa do petróleo persistir. As ações da Shell tiveram um desempenho abaixo da expectativa após o crash do petróleo em 2014, na medida em que a dívida da empresa disparou por causa da sua enorme aquisição do BG Group. Desde então, a Shell vem trabalhando agressivamente para reduzir seus débitos e estabeleceu como prioridade o retorno de caixa aos seus investidores.
Em nossa visão, a Shell está muito mais bem preparada desta vez para resistir a uma desvalorização prolongada do petróleo, graças à agressiva estratégia de redução de dívidas da companhia, respaldada por seus planos de vender ativos no valor de US$ 30 bilhões.
2. BP
A BP (BP) PLC (BP), sediada em Londres, é outro forte nome quando o assunto é distribuição de dividendos. A empresa oferece atualmente um retorno de 6,62%, o que corresponde a um dividendo trimestral de US$ 0,615 por ação. Seus proventos aumentaram apenas 5% desde 2014, o que demonstra as restrições de caixa enfrentadas por essa gigante do petróleo desde então.
Suas ações se desvalorizaram 2% desde o início do ano e fecharam ontem cotadas a US$ 37,16.
Uma das principais razões pelas quais a BP continua apresentando restrição de caixa é o vazamento de petróleo ocorrido na plataforma Deepwater Horizon, em 2010, no Golfo do México. A companhia ainda está pagando pelo desastre, o que deve se estender ainda por alguns anos.
Durante a temporada de balanços do segundo trimestre, a BP superou as expectativas e elevou seu fluxo de caixa, já que a maior produção compensou o efeito dos menores preços de energia.
O fluxo de caixa operacional, excluindo pagamentos relacionados ao vazamento de petróleo no Golfo do México, teve alta de 17% em comparação com o ano anterior, para US$ 8,2 bilhões.
Além dos pagamentos pela aquisição de campos petrolíferos nos EUA, a BP também pagou US$ 1,4 bilhão em multas associadas à catástrofe de Deepwater Horizon, de 2010. A BP venderá de US$ 4 a 5 bilhões de ativos neste ano como parte de um plano de desinvestimentos de US$ 10 bilhões até 2020 e usará esses recursos para reduzir seu endividamento.
Conclusão
Para o investidor de longo prazo, ambas as empresas oferecem um atrativo diferente. Se você aposta na alta do petróleo, vale a pena levar em consideração o excelente dividend yield da Shell, principalmente diante do esforço da companhia de arrumar seu balanço patrimonial, o que está gerando resultados.
Se os preços do petróleo melhorarem daqui para frente, a Shell possui um mix de ativos atraente para produzir fluxos de caixa robustos, com potencial para aumentar seus dividendos.
A BP, por outro lado, está realizando diversos projetos de crescimento que lhe permitam gerar um robusto fluxo de caixa livre até 2021.
Além disso, a companhia tem um novo CEO, Bernard Looney, que pode trazer novas ideias para recompensar os investidores assim que a reestruturação dos ativos da companhia for concluída e as multas relacionadas ao vazamento de petróleo forem quitadas.