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Dividendos das empresas brasileiras vão aumentar em 2022?

22 dez 2021, 9:05 - atualizado em 22 dez 2021, 9:05
Dinheiro Dividendos
(Imagem: Unsplash/@micheile)

A alta da taxa básica de juros aumenta o custo da dívida e de financiamento, além de enfraquecer a demanda, fazendo com que o lucro das empresas diminua.

Mas o banco Inter disse em relatório que as companhias listadas, referências do setor, podem ganhar participação no mercado, aumentando o lucro – o que acarretaria em uma maior distribuição de dividendos em 2022.

“Pelo lado da Selic, o mercado também sinaliza que a taxa de juros deve retornar a patamares mais baixos após controlada a inflação”, comentou a instituição.

Para o Inter, existem companhias que podem pagar dividend yield acima da Selic para o próximo ano.

“Essas empresas ainda tem a possibilidade de apresentarem ganhos de capital, o que seria uma rentabilidade adicional”, diz trecho do relatório assinado por Rafaela Vitória, Gabriela Joubert, Matheus Amaral, Daniel Arruda, Rafael Winalda, Breno Francis de Paula, Henrique Abras e Manuela Granja.

Veja o que o grupo de analistas disse sobre as perspectivas de pagamento de dividendos em 2022 por setor:

Siderurgia e mineração

Para o Inter, as expectativas para 2022 em siderurgia e mineração seguem positivas, com empresas como Vale (VALE3) e CSN (CSNA3).

“Mineração ainda em situação confortável, com forte geração de caixa e mantendo seus planos de geração de valor via distribuição de proventos ou recompra de ações”, diz.

O banco pondera que não se deve esperar os níveis recordes observados em 2021, uma vez que os preços do minério de ferro devem sofrer correções do atual patamar.

O Inter também vê influência da demanda chinesa pela commodity, que deve ser amenizada, “em virtude do menor ritmo de produção siderúrgica no país”, apesar da volta de alguns estímulos no país asiático.

Óleo e gás

O Inter destaca a trajetória da Petrobras (PETR4) como pagadora de dividendos, “uma das maiores produtoras mundiais de petróleo e gás, que desde a mudança de gestão tem apresentado resultados positivos”.

A companhia, que em 2015 chegou a reportar uma dívida bruta de mais de US$ 126 bilhões, no terceiro trimestre deste ano conseguiu atingir sua meta de reduzir sua alavancagem para abaixo de US$ 60 bilhões.

O objetivo, atingido 15 meses antes do planejado, foi possíveis através de uma forte geração de caixa e desinvestimentos em seus negócios non-core, lembram os analistas do banco.

“Essas iniciativas possibilitam o cumprimento de seu plano estratégico, que sugere uma distribuição em torno de US$ 65 bilhões em dividendos nos próximos cinco anos (assumindo um preço do barril Brent em US$ 55)”.

O Inter diz que, para efeito de comparação, a empresa atualmente possui um market cap de de cerca de US$ 70 bilhões, o que implicaria em um retorno sobre o capital investido pelo acionista, apenas em dividendos, em somente cinco anos.

Bancos

O Inter disse que espera que em 2022, à medida que os bancos recuperem seus níveis de capital, maiores payouts podem ser pagos.

“Há um desafio de aumento na inadimplência para o ano que vem e desaceleração do crescimento do crédito, principalmente no varejo com a alta dos juros”, pondera.

Apesar disso, o setor deve seguir em destaque entre os maiores pagadores de dividendos, resultado de uma indústria com altos níveis de rentabilidade se comparados aos pares globais, por conta da ainda alta concentração bancária, alta taxa de juros e por consequência maiores spreads do setor, diz o banco.

Elétrico

Segundo o o Inter, as companhias ligadas a geração hídrica observaram uma queda na lucratividade, pressionadas pela menor disponibilidade de água. Já as empresas com usinas térmicas, observaram um maior volume despachado ao longo de todo o ano, diz.

“Entendemos que essa situação deve se reverter em 2022, principalmente com uma melhora do período úmido”, afirma o banco em relatório.

O Inter diz que, em distribuição, houve crescimento do volume, que se desdobra em elevação do faturamento. “Porém, com a estagnação do crescimento econômico e o arrefecimento das commodities, 2022 pode ser um ano mais desafiador”.

Frigoríficos

Segundo o Inter, para o 2022 as adversidades do cenário para o setor de frigoríficos se mantém, dado que a perda do poder de compra da população, que já acrescia em 2021, “receberá incrementos das incertezas do período eleitoral que está por vir, o que prejudicará a rentabilidade do mercado interno”.

O banco diz que a recente suspensão do embargo chinês contribui para o setor, “entretanto a volta gradativa da produção doméstica de carne suína na China pode diminuir a sua demanda por proteínas o que tende a reduzir a receita do ano para as companhias exportadoras”.

Nos Estados Unidos, diz o Inter, a tendência é que o consumo excepcional que foi visto em 2021 não transcenda com a mesma potência e volte a valores similares ao cenário pré-pandemia.

“De modo geral, as incertezas de 2022 diante da situação macroeconômica, mesclado com os fenômenos naturais da pecuária e relacionamento com a China, trazem um ano mais ameno para o setor”.

O Inter Inter comenta que o pagamento de dividendos para o próximo ano dependerá das estratégias das companhias e administração em um cenário ainda desafiador.

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