Money Times Entrevista

Dividendos da PetroReconcavo (RECV3): Diretor diz se empresa pode se tornar grande pagadora

18 nov 2024, 10:00 - atualizado em 18 nov 2024, 10:11
PetroReconcavo
"E se há uma coisa que o desempenho das ações da Petrobras nos últimos dois anos mostrou, é o valor de uma jogada de dividendos no setor de petróleo, especialmente em um mercado volátil como o Brasil”. (Imagem: LockieCurrie/iStock/Montagem Money Times)

A PetroReconcavo (RECV3) entrou no radar de analistas e investidores que caçam empresas que pagam bons dividendos. Com alta geração de caixa, o setor de petróleo e gás tem fama de pagar belos proventos, que o diga a Petrobras (PETR4).

No terceiro trimestre, a companhia pagará R$ 379 milhões, número saudado por casas de análises e que fez o papel subir 2% no dia seguinte ao anúncio.

Na visão de analistas do Bradesco BBI Ágora Investimentos, embora em 2024 a produção tenha sido fraca, os pagamentos foram uma surpresa agradável.

Eles destacam que, com o anúncio, o valor total anunciados neste ano já soma R$ 806 milhões, representando um rendimento de 16%, dado o atual valor de mercado.

Disseram ainda que o rendimento de 15% neste ano é certamente difícil de ignorar, pois está no mesmo nível de pesos pesados do setor, como a Petrobras.

“E se há uma coisa que o desempenho das ações da Petrobras nos últimos dois anos mostrou, é o valor de uma jogada de dividendos no setor de petróleo, especialmente em um mercado volátil como o Brasil”.

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‘Você disse que não sabe se não. Mas também não tem certeza que sim’

Mas a empresa almeja, de fato, se tornar uma grande pagadora de dividendos? Ao Money Times, Rafael Procaci da Cunha, vice-presidente de finanças e RI da PetroReconcavo, disse que é difícil dar uma resposta definitiva de “sim” ou “não”.

Isso porque a companhia avalia trimestre a trimestre as oportunidades de investimentos do setor. Se não ver nada, dinheiro na conta.

Procaci recorda que a petroleira passou por uma fase de crescimento acelerado, com a aquisição de campos da Petrobras, o que exigiu alto consumo do caixa.

Nos últimos cinco anos, comprou polos como Riacho da Forquilha, no Rio Grande do Norte, por US$ 266 milhões, Remanso, por US$ 16,3 milhões e Miranga, por US$ 220,1 milhões.

“Utilizamos grande parte dos recursos para financiar essas aquisições. Agora, entramos em um momento de maior estabilidade, com um modelo de negócios mais próximo do anterior a essa onda de crescimento”.

A mudança ocorre após a Petrobras (PETR4) ter parado de vender ativos. A intenção da petroleira é reverter a política de desinvestimento, que começou no Governo Temer.

“Nosso foco está em campos maduros de petróleo, que geram uma produção corrente relevante, um fluxo de caixa operacional robusto e um Ebitda significativo”.

Hoje, a petroleira trabalha com uma alocação de cerca de 50% do fluxo de caixa operacional em investimentos orgânicos do dia a dia, o que, na visão do executivo, deixa uma parcela considerável disponível para decisões estratégicas de alocação de capital.

“Nesse contexto, temos discutido muito internamente sobre a política de dividendos. Após diversas conversas, principalmente com o nosso CEO e o conselho de administração, estruturamos um processo trimestral para revisar a geração de caixa, os resultados e as oportunidades de alocação de capital”, afirma.

“Quando surgirem boas oportunidades, estaremos preparados para agir, e isso exige flexibilidade na gestão dos recursos”, disse Rafael Procaci (Imagem: Divulgação)

PetroReconcavo: Dividendos, investimentos ou os dois?

A prioridade agora, segundo Procaci, é identificar boas oportunidades de investimento, sejam elas para acelerar programas de perfuração de poços e intervenções, ou explorar novas possibilidades de M&A (fusões e aquisições), especialmente no universo offshore no Brasil.

“Quando surgirem boas oportunidades, estaremos preparados para agir, e isso exige flexibilidade na gestão dos recursos. Por isso, resistimos a adotar uma regra ou fórmula fixa de distribuição de dividendos. Queremos garantir que os recursos estejam disponíveis para projetos estratégicos quando necessário”.

Apesar disso, Procaci diz que o histórico da companhia e o modelo de negócios demonstram haver espaço para um equilíbrio saudável entre reinvestimento no crescimento e distribuição aos acionistas.

“A empresa tem mais de 20 anos de trajetória — completará 25 anos no próximo ano. Desde 2021, somos uma companhia de capital aberto. Sempre tivemos um histórico sólido de pagamento aos acionistas, proporcionalmente ao nosso tamanho”.