Dividendos

Dividendos brasileiros caem no 1T23, e Vale (VALE3) tem culpa nisso; entenda

24 maio 2023, 15:01 - atualizado em 24 maio 2023, 15:01
Vale cortou US$ 1,8 bilhão em dividendos no primeiro trimestre (Imagem: REUTERS/Yusuf Ahmad)

Os dividendos das empresas brasileiras mostraram uma queda nominal de 12,2% no primeiro trimestre do ano e foram na contramão do exterior, mostra a edição 38 do Janus Henderson Global Dividend Index, estudo que mapeia as tendências de dividendos a nível global.

Enquanto as empresas brasileiras viram seus dividendos encolherem nos primeiros três meses de 2023, os dividendos globais aumentaram 12% no comparativo anual, para um recorde de US$ 326,7 bilhões, impulsionados por dividendos especiais elevados.

Em base subjacente, que exclui dividendos especiais, efeitos da taxa de câmbio e outros fatores técnicos, os dividendos globais ainda registraram um crescimento de 3% ante o primeiro trimestre de 2022.

No caso das empresas brasileiras, os dividendos caíram 27,5%, com o maior impacto vindo da Vale (VALE3), que cortou US$ 1,8 bilhão em dividendos no período. O corte da mineradora foi também a maior redução no pagamento de dividendos em todo o mundo, revela o levantamento.

Mineração, destaque negativo da temporada

De acordo com a Janus Henderson, responsável pela pesquisa, a redução dos dividendos do setor de mineração trouxe impacto significativo no crescimento dos dividendos globais.

Segundo a gestora, os dividendos da mineração caíram em um quinto no primeiro trimestre, compensando os aumentos dos bancos e dos produtores de petróleo.

A queda nos pagamentos aos acionistas do setor, explica, reflete preços menores de commodities.

“Tendo sido o principal motor do crescimento dos dividendos globais em 2021, em meados do ano passado, a queda dos preços das commodities já vinha fazendo com que os grupos de mineração reduzissem seus pagamentos”, comenta a gestora. Mais cortes devem ser realizados nos próximos meses pelas mineradoras espalhadas pelo mundo, acrescenta.

Na avaliação da Janus Henderson, os dividendos de mineração criarão “o maior obstáculo” para o crescimento global dos dividendos, com impacto maior sobre Austrália, Reino Unido e mercados emergentes (incluindo o Brasil).

“Porém, os pagamentos dos setores bancário e petrolífero continuam a gerar resultados”, ressalta. A Janus Henderson destaca que 95% das empresas do mundo aumentaram os dividendos ou os mantiveram estáveis no primeiro trimestre.

Para 2023, a Janus Henderson passou a projetar US$ 1,64 trilhão em dividendos de empresas globais, um aumento de 5,2% em base nominal, equivalente a +5% subjacente, após um forte desempenho de pagamentos na Europa.