Dividendos: 7 ações que surpreenderam em 2024 (uma pagou 560% mais); o que esperar em 2025?
Não seria exagero dizer que o investidor de dividendos, na média, teve mais um ano de ganhos em 2024. Se o Ibovespa caminha para fechar o período no negativo, com queda de 4%, o índice de dividendos (IDIV) sobe 4,51%.
Em valores absolutos, as empresas também chegaram perto de bater recorde de pagamentos, como explica Wendell Finotti, CEO e fundador da Meu Dividendo.
Porém, a partir de outubro houve perda de fôlego e não será mais possível ultrapassar 2022, quando a Petrobras (PETR4) ainda possuia política agressiva de dividendos. Mesmo assim, os números são superiores a 2023.
No primeiro semestre, foram pagos R$ 77,64 bilhões, contra R$ 63 bi de 2023 e R$ 62 bi de 2022.
Para 2025, o especialista acredita em bons números. Isso porque as empresas estão lucrando mais. No terceiro trimestre, o lucro das companhias listadas cresceu 53% entre julho e setembro em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados da Elos Ayta.
Além disso, a economia está com um bom crescimento, com PIB (produto interno bruto) caminhando para subir 3% no ano.
A pedido do Money Times, a Meu Dividendo listou algumas ações que tiveram expansão no seu pagamento, com algumas subindo mais de 500%.
Veja a lista abaixo:
Itaú
Distribuído (valor por ação): R$ 2,83
Aumento em relação ao mesmo período de 2023: 130,4%
O Itaú (ITUB4), considerado por muitos como um relógio suíço pela entrega de resultados consistentes, viu o seu valor disparar. Com os lucros e o excesso de capital, o banco pagou dividendos extraordinários no começo do ano, que se repetirá em 2025 em cifras até superiores, segundo o próprio CEO.
Durante teleconferência de resultados, Milton Malury Filho disse que pagará dividendos extraordinários maiores do que o ano passado, que somaram R$ 11 bilhões em dividendos extraordinários.
Em relatório recente, a Genial disse que o Itaú atravessa um momento operacional sólido, com potencial para manter um ROE (retorno sobre o patrimônio) elevado ao longo de 2025.
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“Há, inclusive, possibilidade de uma leve expansão de ROE, impulsionada pelo pagamento generoso e extraordinário de dividendos esperado para o primeiro trimestre de 2025, o que, segundo nossas projeções, resultaria em um crescimento de lucro na casa de dois dígitos baixos (próximo a 10%) em 2025”.
Para a casa, no curto prazo, a qualidade da carteira pessoa física continua melhorando, ao contrário de alguns rivais, fazendo com que o banco consiga voltar a crescer em cartões e outras linhas com maior taxa.
A recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 40,6.
Petrobras
Distribuído (valor por ação): R$ 7,91
Aumento em relação ao mesmo período de 2023: 4,2%
É verdade que a Petrobras continua pagando dividendos bem menores que no seu auge, quando chegou a R$ 15,09 por ação. Mas o valor de 2024 superou o de 2023.
O ano começou com fortes emoções para a estatal, com a queda de Jean Paul Prates após a companhia não pagar os dividendos extraordinários. A chegada de Magda Chambriard foi vista com desconfiança, mas a executiva conseguiu superar as expectativas.
Com os dividendos, a companhia subiu quase 6% no ano e inúmeros bancos recomendando compra. Em relatório, o Safra, que subiu o preço-alvo de R$ 34 para R$ 48.
O banco estima dividend yield (retorno de dividendos) de 14% para 2025, apoiado por uma geração robusta de fluxo de caixa, que pode render 22%.
A ação também foi a mais indicada para dividendos em dezembro no levantamento exclusivo do Money Times, que revirou a carteira de 19 corretoras e bancos.
Segundo o BTG, o sentimento é de ‘alívio’, com a percepção de que a curva de investimentos não compromete a capacidade de sustentar pagamentos robustos de dividendos no futuro.
Além disso, os analistas destacam que a exposição da tese ao dólar acaba sendo um ponto de proteção ao portfólio nesse momento de um real desvalorizado.
“Com as ações sendo negociadas com um valuation descontado e oferecendo uma forte geração de caixa (FCFE) e custos mais baixos, a Petrobras é a opção mais segura em nossa cobertura de petróleo e gás”.
PetroReconcavo
Distribuído (valor por ação): R$ 4,52
Aumento em relação ao mesmo período de 2023: 177%
A PetroReconcavo (RECV3), que cresceu a partir de venda de ativos da Petrobras, tirou o ano para pagar dividendos. De acordo com Vicente Guimarães, da VG Research, sem dúvidas, a empresa foi a que mais surpreendeu em 2024.
“Inicialmente, sua trajetória estava muito voltada à destinação de capital para aquisições e crescimento acelerado da produção. No entanto, com o passar do tempo, alguns desses objetivos não foram plenamente alcançados, resultando em uma menor necessidade de investimentos (apex) e, consequentemente, em um excedente de caixa”, afirma.
Como reflexo dessa situação, a PetroReconcavo anunciou ao longo de 2024 o total de R$ 806 milhões em proventos, o que corresponde a um dividend yield de 14,5%.
“Com esse desempenho, a RECV3 conseguiu se equiparar aos níveis da própria Petrobras, demonstrando um nível de distribuição de dividendos que surpreendeu positivamente o mercado”.
Apesar disso, a empresa ainda não possui uma política de dividendos definida, como explicou Rafael Procaci da Cunha, vice-presidente de finanças e RI da PetroReconcavo, em entrevista ao Money Times.
Segundo ele, é difícil saber se a companhia pode se tornar uma grande pagadora de dividendos pois avalia trimestre a trimestre as oportunidades de investimentos do setor. Se não ver nada, dinheiro na conta.
Procaci recorda que a petroleira passou por uma fase de crescimento acelerado, com a aquisição de campos da Petrobras, o que exigiu alto consumo do caixa.
Mesmo assim, analistas seguem confiantes. Segundo a XP Investimentos, a companhia já é uma boa pagadora de dividendos. Prevê ainda que o foco dos investidores mudará para os rendimentos nos próximos trimestres.
“Acreditamos que há um amplo espaço para distribuição aos acionistas, sustentado por uma forte geração de caixa e baixa alavancagem. De modo geral, esperamos que a PetroReconcavo apresente yields de dividendos de 17% e 18% em 2025 e 2026″, conclui a XP.
Vibra
Distribuído (valor por ação): R$ 2,57
Aumento em relação ao mesmo período de 2023: 560%
A Vibra (VBBR3) foi a empresa que viu a sua distribuição mais que dobrar. No terceiro trimestre, o lucro disparou 234,7%, para R$ 4,2 bilhões.
O período destacou-se como o melhor trimestre do ano para a ex-estatal, “reafirmando a eficácia de sua estratégia de gestão para resultados e a capacidade de entregar valor de forma consistente”.
Para o Santander, que recomendou o papel em sua carteira de dividendos em dezembro, a empresa reportou um fluxo de caixa livre (FCL) muito mais forte do que o esperado de R$ 1,3 bilhão (rendimento de FCL trimestral de 5%).
“No geral, acreditamos que o foco da Vibra em lucratividade (vs. participação de mercado) e preços competitivos da Petrobras foram os principais impulsionadores do resultado trimestral”, afirmou.
Além disso, a Vibra obteve R$ 4,1 bilhões em créditos fiscais relacionados à LC194 (sem efeito fiscal e de fluxo de caixa), o que deve impulsionar a geração de FCL quando monetizado nos próximos anos.
“Esperamos que a empresa se beneficie do forte momento de lucros no business de distribuição de combustível, com um ambiente competitivo mais saudável e ganhos de estoque, com a Comerc também entregando resultados sólidos. Do lado financeiro, esperamos um rendimento de FCL sólido de 11% e um dividend yield de 5% para 2025”.
Cemig
Distribuído (valor por ação): R$ 1,92
Aumento em relação ao mesmo período de 2023: 113%
Guimarães, da VG Research, diz que a Cemig (CMIG4) tem se consolidado como uma boa pagadora de dividendos nos últimos anos, reflexo da eficiente reestruturação conduzida pela administração, com foco na redução de custos e na venda de ativos não essenciais.
“Apesar de já esperarmos bons dividendos da companhia, fomos levemente surpreendidos em 2024, quando a empresa deve encerrar o período com um dividend yield em torno de 13%. Essa surpresa é originada principalmente pelo fato de a política atual da Cemig prever a distribuição de apenas 50% do lucro líquido, uma postura conservadora adotada em função da necessidade de investimentos nos próximos anos”, coloca.
Em dezembro, a empresa recebeu nove indicações em 19 carteiras de dividendos consultadas pelo Money Times.
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Segundo o Safra, a companhia passou recentemente por um processo de virada de operações, com foco no desinvestimento de ativos não essenciais e melhoria nas operações em seu braço de distribuição, o que melhorou bastante a sua eficiência.
“A boa performance em seu braço de trading e iniciativas de corte de custos poderiam representar um risco positivo para as nossas estimativas, enquanto discussões relativas ao processo de privatização poderiam guiar o desempenho das ações”.
No mês passado, o governo de Minas enviou projeto de privatização para Assembleia Legislativa, mas parte do mercado acha difícil o projeto ser aprovado.
Adicionalmente, o banco vê a Cemig negociando a um múltiplo atrativo de 8,1x preso sobre o lucro (P/L) 2025, oferecendo uma TIR (taxa interna de retorno) real de 7,1% e um forte dividend yield de 9,9% para o ano.
Bmg
Distribuído (valor por ação): R$ 0,70
Aumento em relação ao mesmo período de 2023: 311%
Um banco menor e sem grande destaque no mercado, mas que segundo Guimarães, da VG Research, surpreendeu positivamente na distribuição de proventos ao longo de 2024.
“A gestão atual do banco vem conduzindo um sólido processo de reestruturação, resultando em melhorias notáveis nos índices de rentabilidade e eficiência nos últimos trimestres”.
Como consequência, o Banco Bmg (BMGB4) deve encerrar o ano de 2024 com um dividend yield superior a 11%.
O Bmg teve lucro líquido recorrente de 116 milhões de reais no terceiro trimestre, alta de 62,4% em relação ao desempenho reportado em igual período do ano anterior, de acordo com dados divulgados pela instituição nesta quinta-feira.
A margem financeira após o custo de crédito subiu 17,9%, para 813 milhões de reais, o que contribuiu para melhora no retorno sobre o patrimônio líquido médio (ROAE), que avançou para 11,6%.
BR Partners
Distribuído (valor por ação): R$ 0,55
Aumento em relação ao mesmo período de 2023: 52%
Guimarães recorda que a BR Partners (BRBI11), banco de investimentos, anunciou o pagamento de dividendos extraordinários de R$ 82 milhões, que, somados aos R$ 123 milhões distribuídos ao longo do ano, resultaram em um dividend yield de aproximadamente 14%.
“Essa distribuição reflete o elevado nível de capitalização da empresa e a expressiva disponibilidade em suas reservas de lucros”.
Vale apontar que essa distribuição extraordinária foi viabilizada por um excesso de capital depois a instituição de ter realizado duas captações de letras financeiras que alongaram e diversificaram seu passivo.