Esportes

As dívidas dos clubes brasileiros de futebol em novo ranking

21 maio 2023, 18:00 - atualizado em 19 maio 2023, 12:11
Flamengo
(Imagem: Marcelo Cortes/Flamengo)

Os clubes brasileiros de futebol atingiram R$ 10,6 bilhões em dívidas em 2022, segundo estudo da Sports Value. O ranking considera os 20 times com números mais significativos.

A cifra total representa uma alta frente ao ano de 2021, quando as dívidas chegaram a R$ 10,3 bilhões, mas uma baixa se comparada ao patamar de 2020, época das maiores restrições com a pandemia, quando os valores totalizaram R$ 12 bilhões, já considerando a inflação.

O ranking da Sports Value mostra que Atlético-MG lidera o valor total de dívidas, com R$ 1,6 bilhão, seguido do Cruzeiro, com R$ 1,05 bilhão, Corinthians, com R$ 910 milhões, Palmeiras, a R$ 876 milhões, e Internacional, que totaliza R$ 866 milhões.

As dívidas fiscais estão em R$ 3,1 bilhões e representam 29% dos débitos dos clubes, de acordo com a consultoria. Despesas financeiras com empréstimos e atualização de débitos tributários em 2022 geraram um impacto de mais de R$ 1 bilhão nas finanças dos times de futebol.

“Com os juros elevadíssimos no Brasil, os clubes deveriam reduzir alavancagem de suas operações e dívidas, a fim de usar os recursos de forma mais produtiva”, diz trecho do documento assinado pelo diretor administrativo da consultoria, Amir Somoggi.

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Veja o ranking de dívidas totais

Clube Dívida (em milhões de R$)
Atlético-MG 1.571,00
Cruzeiro 1.053,00
Corinthians 910,4
Palmeiras 875,8
Internacional 865,7
Botafogo 729,5
Fluminense 677,5
Vasco da Gama 664,1
São Paulo 586,6
Santos 539,9
Grêmio 518,1
Red Bull Bragantino 301,1
Athletico-PR 285
Bahia 284,3
Flamengo 258,8
Coritiba 237,5
América-MG 122,5
Goiás 48,2
Ceará 38
Fortaleza 33,1
Atlético-GO 8,2
Cuiabá 2

Dívida total dos clubes é o melhor indicador?

Somoggi pontua que uma boa ferramenta para analisar as finanças dos clubes é o indicador dívida total sobre receita – dívida total alta não necessariamente implica em fragilidade financeira.

Quanto menor a dívida sobre receita, mais equilibrado financeiramente é o time de futebol, explica o especialista. “O ideal é que fique próximo de 1”.

Por esse critério, possuem os melhores números: Cuiabá (0,02), Fortaleza (0,12), Atlético-GO (0,14), Ceará (0,22) e Flamengo (0,22).

Os piores indicadores de dívida total sobre receita são de Botafogo (32,42), Vasco da Gama (13,12), Cruzeiro (6,79), Atlético-MG (3,66) e Bahia (2,62).

“Números de 2022 seguem indicando que a boa administração venceu às gestões irresponsáveis. Mesmo sem fair play financeiro, liga ou regulação, os times campeões são os que apresentam boas gestões”, afirmou Somoggi.

Veja o ranking dívida sobre receita

Clube Dívida total / receita
Cuiabá 0,02
Fortaleza 0,12
Atlético-GO 0,14
Ceará 0,22
Flamengo 0,22
Goiás 0,45
Athletico-PR 0,77
América-MG 0,82
Red Bull Bragantino 0,86
São Paulo 0,89
Palmeiras 1,02
Corinthians 1,17
Coritiba 1,45
Grêmio 1,52
Santos 1,58
Internacional 1,86
Fluminense 1,95
Bahia 2,62
Atlético-MG 3,66
Cruzeiro 6,79
Vasco da Gama 13,12
Botafogo 32,42

Com o que o futebol gasta?

Os top 20 clubes apresentaram custos com futebol consolidados de R$ 5,3 bilhões, frente aos R$ 4,9 bilhões de 2021, alta de 11%, disse a Sports Value.

“Isso significa que os clubes vem conseguindo manter certo controle orçamentário, o que resulta em superávits no lugar de déficits”, destacou Somoggi.

Entre os grandes clubes brasileiros Grêmio, Cruzeiro, Santos, Atlético-MG, Bahia foram os que apresentaram redução mais concreta dos custos com futebol.

Muitos clubes seguem gastando muito, como Corinthians, com aumento de R$ 233 milhões nos custos, e Internacional, com evolução de R$ 108 milhões, pontua o especialista. Cruzeiro, Atlético-MG e Grêmio apresentaram custos com futebol superiores às receitas.

Superávit

Segundo a Sports Value, os 20 maiores clubes registraram superávits somados de R$ 251 milhões em 2022. “Os números são extremamente positivos, considerando que os valores e TV voltaram à normalidade”, disse Somoggi.

Para ele, em outros momentos, os clubes teriam encerrado o ano com pesados déficits. Em 2021, os superávits foram de R$ 534 milhões (R$ 571 milhões atualizados), em função dos valores extraordinários da TV. As perdas de 2020 passaram de R$ 1 bilhão ( R$ 1,2 bilhão).

Os clubes com maiores superávits em 2022 foram Flamengo, Atlético-MG, Coritiba, Athletico-PR, São Paulo e Fortaleza. Os superávits do Atletico-MG são por conta de suas operações imobiliárias.

Nos últimos cinco anos os top 20 times apresentaram déficits somados de R$ 950 milhões. Considerando a inflação do período, perdas já chegam a R$ 1,3 bilhão. Nos últimos 20 anos, o valor acumulado passa dos R$ 6,4 bilhões de déficits somados, ainda de acordo com a consultoria.