Dívida pública bruta fica estável em março, despesas com juros em 12 meses disparam
A dívida bruta do país se manteve estável em março como proporção do PIB, mesmo com um déficit nas contas do setor público no mês, mostraram dados do Banco Central nesta sexta-feira, que também apontaram uma disparada das despesas do governo com juros em 12 meses.
Os juros do setor público chegaram a 65,3 bilhões de reais em março e passaram a representar 6,85% do PIB –693,6 bilhões de reais– em 12 meses, ante 4,46% no mesmo período do ano passado. Isso marca o maior percentual sobre o PIB registrado na série do banco central desde junho de 2017.
A escalada do peso dos juros não tem sido acompanhada de um aumento da relação dívida/PIB –que estava em 77,4% do PIB há um ano e fechou março em 73%, mesmo nível de fevereiro– em parte por causa de resgates líquidos de títulos públicos no ano, com o Tesouro Nacional optando por reduzir as emissões em um período de incertezas, e principalmente pelo crescimento nominal do PIB, que ganha força com a inflação.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem consistentemente pedido uma redução nas taxas básicas de juros, mas o Banco Central segue cauteloso com a dinâmica inflacionária e mantém suas taxas de juros de referência no maior patamar em seis anos, de 13,75%, desde setembro.
Em março, o setor público consolidado registrou um déficit primário de 14,182 bilhões de reais, superior à expectativa de economistas consultados em pesquisa da Reuters de um saldo negativo de 9,028 bilhões de reais.
O governo central teve déficit de 9,712 bilhões de reais, enquanto Estados e municípios registraram saldo primário negativo de 4,625 bilhões de reais e as estatais tiveram superávit de 154 milhões de reais, mostraram os dados do BC.
Já a dívida líquida foi a 57,2%, de 56,6% em fevereiro.