Economia

Dívida corporativa da América Latina congela com lenta expansão

30 dez 2019, 17:17 - atualizado em 30 dez 2019, 17:17
Crescimento lento, protestos por todas as partes e juros baixos continuarão a enfraquecer a demanda por dívida em moeda local

O desaquecimento dos mercados de dívida corporativa na América Latina deve continuar na entrada de 2020 diante da fragilidade da economia da região, o que esfria a demanda por títulos do Brasil ao México.

Crescimento lento, protestos por todas as partes e juros baixos continuarão a enfraquecer a demanda por dívida em moeda local. A menor demanda se destaca no maior mercado da região, o Brasil, onde as vendas congelaram no final de 2019 com a corrida dos investidores por ações em meio à queda dos rendimentos de títulos para mínimas históricas.

Para Felipe Wilberg, diretor global de mercado de capitais de dívida do Itaú Unibanco, maior subscritor de títulos do país, o mercado local de títulos pode levar dois ou três meses para se ajustar. Segundo ele, a queda dos juros provocou um congelamento repentino das emissões de títulos.

Empresas já estão desistindo de emitir títulos locais e miram o mercado externo com receio de que o ambiente doméstico não seja capaz de absorver ofertas acima de US$ 500 milhões. Três empresas brasileiras estão na fila para vender títulos nos mercados internacionais com ofertas em torno de US$ 2 bilhões em janeiro, enquanto outras duas estariam em negociações com bancos sobre as ofertas, segundo pessoas a par das emissões.

É improvável uma recuperação das emissões de dívida de empresas locais sem uma melhora do risco de crédito a médio prazo, uma perspectiva mais positiva para as moedas da região e uma maior liquidez, disse Alfredo Mordezki, gestor de renda fixa para a América Latina do Santander Asset Management, que administra cerca de US$ 920 milhões.

Mordezki explica que os diferenciais de crescimento não estão ajudando as moedas latino-americanas, tampouco as manchetes, dominadas por protestos, mesmo com os distúrbios perdendo força na maioria dos países.

Embora a economia do Brasil deva mostrar certa melhora em 2020, a América Latina como um todo ainda está abalada, afetada por “níveis abaixo do esperado de investimento” (Imagem: Pixabay)

Embora a economia do Brasil deva mostrar certa melhora em 2020, a América Latina como um todo ainda está abalada, afetada por “níveis abaixo do esperado de investimento”, de acordo com a S&P Global Ratings. A estimativa é de que os seis maiores países da região cresçam apenas 1,5%, em média, em 2020, o sétimo ano consecutivo de crescimento abaixo de 2%. “Na maioria dos casos, o investimento fraco é devido à dinâmica política incerta”, disse a S&P em sua perspectiva para 2020.

A incerteza econômica levou empresas a reduzirem o ritmo de emissões no México, o segundo maior mercado, disse Tania Abdul Massih, diretora de dívida corporativa da Casa de Bolsa Banorte. Em novembro de 2019, as emissões de títulos locais de longo prazo caíram 24% em relação ao ano anterior.

Enquanto isso, a agitação social nos países andinos apresenta riscos, especialmente no Chile, onde dois meses de tumultos e protestos paralisaram a economia. As empresas recorreram ao mercado local apenas algumas vezes desde que os protestos começaram em outubro, em comparação com mais de 100 emissões anteriores, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Compartilhar

TwitterWhatsAppLinkedinFacebookTelegram
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar