Economia

Dívida bruta chega a marca recorde de 90% do PIB em fevereiro

31 mar 2021, 12:54 - atualizado em 31 mar 2021, 12:54
Ministério da Economia
Dados do Ministério da Economia mostraram que as receitas da União cresceram em fevereiro acima das despesas, alavancadas pela recuperação da economia e por arrecadações extraordinárias (Imagem: Agência Brasil/Marcello Casal Jr)

A dívida pública bruta do setor público brasileiro atingiu o patamar recorde de 90% do PIB em fevereiro, impulsionada mais uma vez pelo crescimento da colocação de títulos em mercado pelo Tesouro para cobrir o déficit das contas públicas e também pelo aumento do valor, em reais, do estoque da dívida externa como resultado da desvalorização cambial.

O nível da dívida bruta, indicador fiscal acompanhado mais de perto por analistas, é o maior da série do Banco Central, iniciada em 2006, mostraram dados divulgados nesta quarta-feira pela autoridade monetária, e se compara a uma dívida de 89,4% em janeiro.

No mês passado, o setor público voltou a registrar déficit na sua conta primária –que não inclui receitas e despesas com juros–, após um superávit recorde em janeiro, mês em que tradicionalmente o saldo é positivo.

O déficit primário foi de 11,700 bilhões de reais, bem abaixo do rombo registrado em fevereiro do ano passado (20,901 bilhões de reais) e também inferior ao projetado por analistas em pesquisa da Reuters (23,950 bilhões de reais).

Dados do Ministério da Economia mostraram que as receitas da União cresceram em fevereiro acima das despesas, alavancadas pela recuperação da economia e por arrecadações extraordinárias.

A perspectiva para as contas, no entanto, segue envolta em incertezas, diante do aumento de medidas de fechamento da economia em meio ao agravamento da pandemia no país, da crescente demanda por despesas para o enfrentamento da crise e do imbróglio em torno do Orçamento de 2021, que ainda não foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro.

No acumulado em 12 meses, o rombo primário equivale a 9,23% do PIB, recuo em relação ao indicador de janeiro, que estava em 9,39% do PIB.

Já as despesas com juros seguiram em alta em fevereiro, totalizando 29,197 bilhões de reais, aumento de 700 milhões de reais sobre fevereiro do ano passado, sob o impacto da aceleração da inflação –que corrige parcela da dívida em títulos– e do crescimento do próprio estoque da dívida.

A dívida mobiliária (em títulos) em mercado do governo geral aumentou em 116 bilhões de reais em fevereiro sobre janeiro, para 4,494 trilhões de reais, contribuindo para o aumento da dívida bruta total. Já o estoque da dívida externa teve alta de quase 30 bilhões de reais com a desvalorização cambial, a 858,4 bilhões de reais.

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