Dívida Pública

Dívida bruta bate recorde de 79,7% do PIB do Brasil em abril

29 maio 2020, 10:23 - atualizado em 29 maio 2020, 10:23
Real Dinheiro
O aumento da dívida veio na esteira do forte déficit primário registrado pelo setor público consolidado; rombo histórico para todos os meses da série do BC iniciada em dezembro de 2001 (Imagem: Reuters/Bruno Domingos)

Com o forte desequilíbrio entre receitas e despesas por causa das medidas para enfrentamento ao coronavírus, a dívida bruta brasileira saltou a 79,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em abril, sobre 78,5% em março, ao maior patamar da série histórica iniciada pelo Banco Central em dezembro de 2006.

Em pesquisa Reuters, a expectativa era de uma dívida ainda maior no mês, de 81% do PIB.

Já a dívida líquida cresceu a 52,7% do PIB, ante 51,7% no mês anterior e projeção de que fosse a 52,4% do PIB.

Na véspera, o Tesouro Nacional estimou que, como consequência das ações já tomadas para combate aos efeitos econômicos da pandemia, a dívida bruta passe de 75,8% do PIB em 2019 para mais de 93% neste ano. A dívida líquida, por sua vez, deve pular de 55,7% para cerca de 68% do PIB.

Segundo dados divulgados pelo BC nesta sexta-feira, o aumento da dívida veio na esteira do forte déficit primário registrado pelo setor público consolidado, de 94,303 bilhões de reais em abril –rombo histórico para todos os meses da série do BC iniciada em dezembro de 2001.

O déficit do governo central (governo federal, BC e Previdência) foi de 92,165 bilhões de reais no período. Enquanto isso, Estados e municípios ficaram no vermelho em 1,943 bilhão de reais e as empresas estatais tiveram déficit de 195 milhões de reais.

O Tesouro Nacional estimou que a dívida bruta passe para mais de 93% do PIB do Brasil neste ano (Imagem: Flickr/Tesouro Nacional)

Sobre o desempenho do governo central, o Tesouro já havia informado na véspera que o déficit de abril havia sido impactado, do lado da receita, pelo forte volume de diferimento de impostos e, no caso das despesas, por medidas de enfrentamento à crise de quase 60 bilhões de reais, com destaque para o pagamento do auxílio emergencial de 600 reais, que somou 35,8 bilhões de reais no mês.

De janeiro a abril, o déficit do setor público consolidado foi a 82,583 bilhões de reais e, em 12 meses, a 164,429 bilhões de reais (2,25% do PIB), bem mais que o dobro do observado em todo o ano de 2019.

Segundo o Tesouro, a projeção de déficit primário para o setor público é de 708,7 bilhões de reais, ou 9,9% do PIB, cálculo que leva em conta as medidas implementadas até aqui. Com novas frustrações de receita e eventual renovação de programas, o rombo passará de 10% do PIB.

O déficit nominal, que inclui o pagamento de juros da dívida pública, alcançou 115,820 bilhões de reais em abril e saltou a 545,716 bilhões de reais no acumulado em 12 meses, ao patamar de 7,48% do PIB.