Coluna do Valério Klug

Diversificação de investimentos: Estratégias para garantir equilíbrio e crescimento

13 out 2024, 9:30 - atualizado em 13 out 2024, 9:43
Ações diversificação investimentos
Diversificar não só protege o investidor contra perdas em posições específicas, mas também ajuda a equilibrar os resultados. (Imagem: iStock/tadamichi)

A prudência dita que não se devem colocar todos os ovos na mesma cesta — uma regra básica de gestão de riscos. Isso se aplica tanto à ocorrência de eventos inesperados quanto à gestão de investimentos.

Diversificar não só protege o investidor contra perdas em posições específicas, mas também ajuda a equilibrar os resultados, permitindo que, caso um ativo sofra perdas, outros gerem rendimentos ou até superem a média. Um bom investidor tem uma visão global, entendendo que esse equilíbrio proporciona um conforto financeiro e psicológico fundamental.

Existem quatro formas de ganhar no mercado, baseadas em diferentes áreas de probabilidade:

  • A primeira envolve comprar um ativo a um preço e esperar que ele se mova na direção desejada, ou que suas perdas sejam limitadas;
  • A segunda explora os desgastes do mercado, ou “ruído gráfico”, onde a cotação de um ativo oscila sem resultados significativos em posições únicas, mas se mostra eficiente em posições fracionadas;
  • A terceira forma inclui as taxas de juros e prêmios, oriundos de renda fixa e mercados futuros;
  • E, por fim, há os dividendos e juros sobre capital (JCP).

Um equilíbrio entre esses produtos gera uma progressão contínua de ganhos, seja em volume, valorização ou dividendos, além de conversão de taxas em mais volume.

Analisando o mercado brasileiro, apesar de sua longevidade, ele ainda é jovem em termos dos produtos disponíveis. Aos poucos, novos instrumentos estão sendo introduzidos, permitindo maior eficiência operacional. Produtos como índices de volatilidade, que já são comuns em mercados mais maduros, permitem maior flexibilidade, compensando riscos por meio de posições opostas.

O objetivo do mercado é sempre dividir riscos e ganhos, enquanto gera crescimento através da criação de riqueza por parte das empresas, commodities e outros produtos geradores de taxas.

No contexto de diversificação, ela pode não necessariamente envolver muitos ativos diferentes. Hoje, um único produto e seus derivativos podem gerar diversificação de movimentos entre alta e queda, com diferentes formas de rentabilidade e equilíbrio.

Conhecer essas dinâmicas é essencial para um modelo de gestão eficiente, com variação reduzida e uma curva de juros compostos satisfatória. Esse processo pode ser, inclusive, dolarizado com contratos futuros de dólar, parcial ou totalmente, sem a necessidade de operar em outros mercados para buscar proteções cambiais.

Por outro lado, posições únicas podem ser extremamente potentes tanto para ganhos quanto para perdas. Nesse caso, recomenda-se que operações mais arriscadas ocupem uma parcela menor da carteira, o que também é uma forma de diversificação, pois uma fração reduzida busca oportunidades mais explosivas.

Como definir essa “carteira de oportunidades” dentro de uma carteira mais protegida e diversificada? Uma opção é usar uma taxa média de uma opção “at-the-money” para definir o volume financeiro a ser utilizado. Por exemplo, se uma opção de BOVA11 — muito atrelada ao Ibovespa (IBOV) — gerar uma taxa de 6% para um vencimento de 20 pregões, sugerindo uma queda acentuada no mercado, essa referência de 6% do capital poderia ser usada para arriscar em ativos sem cobertura. Em um cenário mais positivo, essa taxa pode ser reduzida para algo em torno de 3%. Naturalmente, não se deve expor mais do que isso para posições de alta no momento.

Essas são apenas algumas técnicas operacionais. Alguns investidores podem preferir destinar uma fração fixa, como 10% da carteira, para ativos de maior volatilidade e com prazos mais longos para obtenção de resultados positivos. Cabe a cada investidor, conforme seu nível de tolerância ao risco, refletir e escolher um modelo adequado, aplicando nele os ativos e oportunidades identificadas.

O importante é manter a diversificação, que geralmente ocorre em triangulação: entre renda fixa e ativos; ativos e seus derivativos, cobrindo parcialmente a carteira; ou uma carteira diversificada em diversos setores. No próximo artigo, discutiremos a triangulação entre renda fixa e ativos, explorando a lógica conceitual que orienta a escolha entre manter renda fixa, ativos, ou uma divisão entre ambos, em determinados períodos.

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