Diversificação da Suzano é positiva, mas não suficiente para investir nas ações
A Suzano (SUZB3) aposta na diversificação para crescer: quer liderar o mercado de carbono e investe em novas tecnologias, como em ferramentas digitais e bioinformática.
Mas isso não é suficiente para segurar os preços da celulose, que variam de acordo com os ventos do mercado, aponta o Inter Research em relatório enviado a clientes nesta quinta-feira (25).
Apesar da alta dos valores nos últimos meses, motivadas por uma demanda aquecida e um estoque baixo, a corretora diz que a tendência é de queda nos números.
A analista Gabriela Cortez, que assina o documento, aponta o retorno de capacidades em um cenário de vacinação contra a covid-19 e a desvalorização do real ante o dólar, o que poderia aumentar os custos de importação.
“Seguimos menos otimistas com relação à manutenção da tendência de alta dos preços das commodities em geral, inclusive a celulose, o que acaba limitando a evolução esperada nas receitas das companhias”, afirmou.
O Inter elevou o preço-alvo de R$ 68 para R$ 85, o que implica potencial de valorização de 15% , mas manteve a recomendação neutra.
Sobrenome inovação
Na última quarta-feira (24), a empresa realizou o Dia com Investidor. No evento, a companhia deu ênfase ao seu processo de inovação.
“Apesar da busca pela diversificação, a Suzano reforçou sua intenção de manter a relevância de seu negócio de celulose. A companhia apresentou uma visão bastante otimista com relação às dinâmicas do mercado, principalmente no que diz respeito ao crescimento da demanda por celulose de fibra curta”, disse a analista, que acompanhou o evento.
A empresa aposta no projeto Tetrys. Chamado de Floresta Digital, a ação emprega ferramentas digitais e bioinformática que permite a escolha de clones com base no DNA, trazendo melhor custo/benefício e maior competitividade e resiliência de sua base florestal.
Rumo à liderança do mercado de carbono
No campo ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa, em português), a empresa pretende assumir a dianteira do mercado de crédito de carbono.
Espera-se um crescimento na demanda de créditos de carbono no futuro. A companhia já identificou em torno de 22 mm de toneladas de carbono em sua cadeia de valor que poderão ser comercializadas e monetizadas.
Vem dividendos por aí?
A analista também lembra que após anos difíceis, com receitas afetadas por preços depreciados da celulose em momento de incorporação da Fibria, dividendos eram termos proibidos.
“Entretanto, após reestruturação de sua dívida, monetização de parâmetros ambientais com os greenbonds emitidos no ano passado, bem como um cenário de negócios mais favorável, a companhia sinaliza que poderá retomar sua política de dividendos em um futuro próximo”, completa.