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Distribuidoras de gás do centro-sul têm ofertas de 13 grupos para compra do insumo

17 maio 2021, 17:32 - atualizado em 17 maio 2021, 17:32
Gás
No total, a chamada recebeu mais de 130 propostas diferentes de suprimento apresentadas pelos 13 grupos participantes (Imagem: Agência Petrobrás/Divulgação)

Distribuidoras de gás natural do centro-sul do Brasil receberam propostas de 13 potenciais grupos supridores em uma chamada pública realizada com o objetivo de avaliar ofertas para aquisição do insumo com entrega a partir de 2022 e nos próximos anos, disse à Reuters um executivo que lidera o processo.

Entre interessados no fornecimento às cinco concessionárias que participam da iniciativa estão grupos do setor de óleo e gás como a Shell e a Petrobras (PETR4), sendo que a estatal brasileira chegou a apresentar proposições que envolveriam associar preços ao indexador Henry Hub, utilizado no mercado norte-americano.

As ofertas também incluem modalidades de atendimento vinculadas a importações da Bolívia ou de Gás Natural Liquefeito (GNL), além de soluções com biometano e gás nacional, disse o presidente da paranaense Compagas, Rafael Lamastra Jr., representante das empresas que lançaram a chamada pública.

Segundo ele, uma lista de qualificados a continuar nas negociações com as distribuidoras (“shortlist”) sobre fornecimento deve ser divulgada até o final da primeira semana de junho.

“A princípio já temos uma visão favorável. Porque já temos uma percepção, digamos assim, de que o mercado vai ganhar com isso. A propostas provavelmente serão um pouco melhores, mais interessantes que hoje estamos pagando, o que já seria um grande ganho”, disse Lamastra à Reuters.

“Mas a gente quer mais”, acrescentou ele, ao destacar que seria importante conseguir uma maior diversidade de suprimento, uma vez que atualmente as distribuidoras são 100% abastecidas pela Petrobras. “É o que estamos buscando”.

Os contratos com a petroleira estatal vão até 2024, mas permitem uma gradual redução de volumes caso as concessionárias tenham ofertas melhores.

No total, a chamada recebeu mais de 130 propostas diferentes de suprimento apresentadas pelos 13 grupos participantes, sendo que algumas preveem entrega já a partir de 2022, enquanto outras teriam início de fornecimento de 2023 em diante.

As distribuidoras de gás esperam fechar os contratos ao longo do segundo semestre, segundo Lamastra.

Ele destacou que uma chamada anterior, em 2019, conseguiu obter redução de 5% nos preços, embora sem sucesso em diversificar a oferta, uma vez que os acordos foram fechados com a própria Petrobras.

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Petrobras Muda

As empresas que participam da chamada pública em busca de contratos de suprimento MSGás, GasBrasiliano, Compagas, SCGás e SulGás representam um mercado potencial total de 6 milhões de metros cúbicos/dia.

Lamastra disse que entre as ofertas que serão avaliadas agora estão propostas da Petrobras que indexariam preços do gás a um índice utilizado no mercado norte-americano.

Atualmente, a estatal atrela preços à variação do petróleo no mercado internacional e ao dólar, uma fórmula que levou a reajuste de 39% a partir de maio em contratos de venda do insumo a distribuidoras.

“Tem novidades… a Petrobras está já falando em um outro índice para fazer a atualização dos preços… eles estão sinalizando agora com um novo indexador, que seria o indexador Henry Hub, norte-americano.”

Segundo Lamastra, as distribuidoras ainda precisam estudar quais seriam os impactos de uma eventual mudança no indexador, além de avaliar outras ofertas rivais na concorrência.

O reajuste da Petrobras nos valores do gás natural às distribuidoras geraram críticas do presidente Jair Bolsonaro, que no início de abril afirmou que o aumento era “inadmissível” e questionou os acordos que levaram ao índice.

Na ocasião, Bolsonaro afirmou que não iria interferir na Petrobras, mas disse que poderia haver mudanças em políticas de preços.

Antes, o presidente já havia anunciado mudança no comando da Petrobras, com a nomeação do general da reserva Joaquim Silva e Luna ao cargo de CEO da companhia, após desentendimentos sobre aumentos no preço dos combustíveis na gestão anterior, de Roberto Castello Branco.