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Disputa por milho com a China, que cresce nas compras, garante novas altas do suíno e frango em 2021

27 jan 2021, 12:38 - atualizado em 27 jan 2021, 13:11
Comida para porco e aves na linha para novas altas em 2021 Divulgação Governo Federal

A dor de cabeça mais imediata para os suinocultores e avicultores brasileiros com a recuperação do plantel de porcos na China vai ser o custo do milho. A principal fonte de energia para esses dois animais (mais de 70% da dieta) deve aumentar a corrosão das margens este ano, enquanto os chineses se adiantam para entrarem definitivamente nas primeiras posições entre os importadores globais.

O que se viu em 2020 com os preços óleo de soja, diante da forte demanda asiática pelo grão, deverá ficar mais evidente nas carnes de porco e frango de 2021 em diante.

O custo vai aumentar mais, com a pressão altista sobre o milho baseado na bolsa de Chicago.

Foi-se o tempo na China da alimentação de lavagem dos suínos, após os prejuízos causados pela peste suína asiática (PSA). “Suinocultura que comia restos de alimentos está deixando de existir e agora com granjas tecnificadas passam a comer milho e soja, pressionando os preços internacionais das commodities”, diz Edson Wigger, proprietário do Frigorífico Notable, de Santa Catarina.

O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) prevê que a China importará acima de 13 milhões de toneladas em 20/21. O governo local ainda fala em 7 milhões, só que o governo americano já registrou mais de 9 milhões de toneladas adquiridas lá desde outubro.

A produção chinesa do cereal está estimada em 264 milhões/t, 4 milhões/t acima da temporada anterior, e o consumo das granjas e misturadoras de ração em 288,1 milhões, considerado subestimado por analistas internacionais.

“A falta de transparência por lá deixa muitas incertezas”, acrescenta o empresário catarinense de Grão-Pará, que ainda prevê que a dependência de 80% das compras chinesas de proteína suína poderá representar riscos à oferta brasileira com as novas adequações da criação naquele país em qualidade e em produtividade.

O Brasil exportou entre 33,5 e 34 milhões/t de milho em 2020, boa parte para a China, o segundo melhor resultado histórico depois das 44,9 milhões/t em 2019.

Só não alcançou ou superou as estatísticas do ano retrasado porque as indústrias de rações do Brasil precisaram disputar mais o milho para a necessidade de abastecimento das granjas, que, em 2019, tiveram dificuldades com suprimento.

Somente em outubro, com a tonelada no mercado interno a US$ 362, a cotação foi a maior desde agosto de 205.

“A preocupação [com a demanda chinesa] continua”, frisa Ariovaldo Zani, CEO do Sindirações.

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