Internacional

Disputa por mercado de carne bovina no Japão preocupa Austrália

27 ago 2019, 14:20 - atualizado em 27 ago 2019, 14:20
A Austrália corre o risco de perder uma fatia do cobiçado mercado de carne bovina importada do Japão, que movimentou volume recorde de US$ 3,3 bilhões no ano encerrado em março (Imagem: Buddhika Weerasinghe/Bloomberg)

Enquanto pecuaristas dos Estados Unidos se animam com os planos do Japão de reduzir as tarifas sobre as importações de carne bovina norte-americana, seus maiores rivais – pecuaristas australianos – estão ansiosos para assegurar que não ficarão para trás na disputa.

A Austrália corre o risco de perder uma fatia do cobiçado mercado de carne bovina importada do Japão, que movimentou volume recorde de US$ 3,3 bilhões no ano encerrado em março graças à crescente popularidade dos cortes mais magros produzidos no Ocidente. Austrália e EUA são os maiores fornecedores, e a carne bovina australiana domina 51% do mercado, em comparação com a fatia de 41% dos EUA. Outros fornecedores incluem Nova Zelândia, Canadá e México, mas a participação de mercado conjunta desses países fica abaixo de 10%.

“O presidente Trump e sua equipe de comércio ofereceram outra grande vitória para o setor de carne bovina dos Estados Unidos ao expandir o acesso ao Japão, nosso principal mercado de exportação”, disse Jennifer Houston, presidente da Associação Nacional de Produtores de Carne Bovina dos Estados Unidos, em comunicado.

Enquanto isso, a associação de pecuaristas da Austrália se diz preocupada com as perspectivas para o mercado. “Isso pode se tornar um grande problema”, disse David Byard, presidente da Australian Beef Association, em referência à redução das tarifas.

A Austrália tinha até agora uma vantagem em relação aos EUA, depois que o Japão concordou em baixar as tarifas no Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífico. Segundo o acordo, a carne bovina resfriada e congelada está sujeita a uma taxa de 26,6% até 31 de março. Depois desse período, a tarifa será reduzida para 25,8%. Os EUA, sem acordo, pagam uma taxa de 38,5%.

Nenhum detalhe foi fornecido pelo Japão ou pelos EUA sobre o acordo.

O Ministério de Comércio da Austrália disse que vai examinar de perto os detalhes quando estes forem divulgados.

“Nossos produtores de carne bovina estão entre os mais competitivos do mundo e tiveram um enorme sucesso no Japão nos últimos tempos”, disse Simon Birmingham, ministro de Comércio, Turismo e Investimento da Austrália, em comunicado à Bloomberg. “Espero que nossos produtores de carne bovina continuem a ver uma forte demanda no Japão e reforcem sua competitividade e qualidade para competir com qualquer outra nação.”