Disparada do óleo de palma deve continuar com menor produção
Investidores do mercado de óleo de palma comemoram a espetacular disparada de preços e apostam que a cotação ainda tem espaço para subir.
O preço médio dos contratos futuros de referência deve ficar em 2.350 ringgit (US$ 564) por tonelada neste trimestre e 2.400 ringgit nos primeiros três meses do próximo ano, de acordo com a estimativa mediana de uma pesquisa da Bloomberg com 11 operadores, analistas e executivos do setor. Esses níveis de preço estariam mais de 10% acima da média de 2019.
Após atingirem o menor patamar em quatro anos em julho, os contratos futuros subiram no mês passado e agora estão cerca de 30% acima da menor cotação registrada este ano.
A virada é uma resposta ao otimismo com a retomada da demanda na Indonésia para produção de biodiesel, além da desaceleração do crescimento da produção e o aumento das importações pela China, de acordo com os entrevistados na pesquisa.
”O preço do óleo de palma ficou muito baixo por muito tempo”, disse J. Joelianto, diretor comercial da Sinarmas Agribusiness and Food, durante uma entrevista em Bali. “Esses preços não são realmente altos, mas pelo menos os donos plantações podem sorrir.”
No entanto, um avanço tão rápido traz preocupações. O óleo de palma, que antes era negociado com desconto, agora passou a ter prêmio sobre o gasóleo, diminuindo sua atratividade para uso em biocombustível. Além disso, Índice de força relativa de 14 dias do contrato futuro de referência sinaliza excesso de posições compradas.
O movimento parece exagerado do ponto de vista dos fundamentos e os preços podem recuar no curto prazo, avalia Thomas Mielke, diretor executivo da Oil World. Os participantes da pesquisa concordam e projetam leve queda do preço para 2.430 ringgit até o final de dezembro, de acordo com a estimativa mediana. Os contratos futuros eram negociados a 2.487 ringgit na segunda-feira.
Os preços subiram apesar da disputa diplomática entre Malásia e Índia (maior compradora de óleo de palma do país), que fez com que um influente grupo de empresas de alimentos em Mumbai convocasse seus membros a evitar comprar o produto da Malásia. Representantes do segmento, que se reuniram em uma conferência em Bali na semana passada, esperam recuo das tensões comerciais nas próximas semanas.
“Até o momento, não há uma decisão oficial de não comprar da Malásia”, disse Nagaraj Meda, diretor-gerente da TransGraph Consulting, sediada em Hyderabad. “É uma questão de mentalidade, porém muito importante para os compradores indianos. Os estoques nas origens devem diminuir e por isso o impacto não foi visto nos preços.”
Por ora, a ascensão dos preços não parece ter arrefecimento. “O sentimento está em brasa”, segundo o analista Dorab Mistry, veterano do setor, que prevê a cotação em 2.700 ringgit até março. “Com a produção menor, o uso de biodiesel é o fator que impulsiona o avanço”.