Disparada de 60% da Oi (OIBR3) é pura especulação, diz analista; empresa vai se salvar?
A Oi (OIBR3) deu sinais de que 2023 seria diferente, após a empresa brindar os investidores com a boa notícia de que havia saído da recuperação judicial (RJ). Apesar disso, analistas já viam o fim do processo com ceticismo, já que a dívida continuava alta.
Atualmente, a Oi tem cerca de R$ 29 bilhões em dívidas, metade denominada em dólares.
No dia 1º de fevereiro, a tele foi à Justiça pedir proteção contra credores, em um primeiro passo para ingressar, novamente, em RJ.
Apesar disso, nesta semana, o papel disparou 60% e fechou a semana em R$ 2,05. Mas o que explica a alta?
Um dos motivos pode estar no Juízo de Falências dos Estados Unidos. A corte aceitou o pedido de tutela de urgência da Oi e de suas subsidiárias Portugal Telecom International Finance e Oi Brasil Holdings.
Mas, para analistas que conversaram com o Money Times, a valorização da tele é “pura especulação”.
“A Oi já chegou a subir 200% em 2019, antes mesmo de fazer o agrupamento. Você teria que saber o fundo do poço para poder ganhar no momento certo. Essa alta não significa nada”, discorre Fábio Sobreira, sócio e analista da Harami Research.
Flávio Conde, analista da Levante Investimentos, também possui a mesma visão.
“Todo o dia é especulação. Há 10 anos ela tem uma dívida que não se consegue pagar. É uma novela que só piora. Ninguém compra Oi como compra o Itaú ou a Vale. As pessoas compram pensando em algo no curto prazo que pode fazer a ação subir 50%”, observa.
Empresa tem salvação?
Apesar das dificuldades, Conde diz que a Oi é “muito grande para quebrar”.
“Não é que nem uma Americanas (AMER3) que, se você quebrar, outros ocupam seu lugar. A Oi não pode quebrar, mas tem muito dívida”, argumenta.
Já Sobreira argumenta que, quando a empresa entre em recuperação judicial, o caminho mais provável é a falência.
“Não é oportunidade, não sei se tem salvação, não temos essa previsibilidade. Não sei se ela vai conseguir, de alguma forma, se agarrar à fibra. Não sei se ela terá receitas para pagar as dívidas, já que ela ficou menor, mas suas dívidas continuam gigantescas”, completa.
O que diz a Oi?
O CEO da Oi, Rodrigo Abreu, diz que a companhia é sustentável do ponto de vista de estratégia e operação e que a reestruturação da dívida financeira da empresa não irá afetar as atividades.
“Ela carrega dívida do passado. Não tem nada a ver com a operação atual da companhia”, disse.
“Se não acreditássemos na sustentabilidade não estaríamos fazendo todo o plano que estamos fazendo há bastante tempo”, disse a jornalistas. “A Anatel tem dever de ofício de acompanhar concessão.”