Disparada da dívida pública já provoca fuga de capitais no Brasil?
Será que o Brasil já enfrenta um cenário de fuga de capitais em meio ao aumento da percepção de risco entre investidores, principalmente alimentada pelo sentimento de descumprimento do teto de gastos com novos programas sociais no radar da corrida eleitoral de 2022?
No pior cenário possível, o Instituto Fiscal Independente (IFI) considera que o dólar pode bater em R$ 5,92 no ano que vem, conforme relatório de outubro.
“Do ponto de vista do balanço de pagamentos, ainda temos uma situação relativamente controlada no Brasil. O que ocorre no momento é uma atratividade maior do capital externo, motivando também o Banco Central a elevar a taxa Selic, que por sua vez tende a controlar a inflação e amenizar o dólar, ainda que se esteja num sistema de câmbio flutuante”, afirmou Felipe Salto, diretor-executivo do IFI e economista pela FGV/EESP, durante coletiva de imprensa na véspera (20).
Segundo Salto, apesar da derrocada recente do Ibovespa (IBOV), o Brasil ainda está muito distante de um quadro de fuga de capitais, que lembre outros momentos históricos.
Por outro lado, o aumento da dívida pública afeta o fluxo cambial, segundo o especialista.
“Mesmo sem afetar o mercado spot (ou à vista), o dólar chegou a estressar até R$ 5,60 recentemente, apenas por uma discussão a respeito de gastos extras”, pondera.