Disparada da Covid provoca longo lockdown, cansaço e aborrecimento em Portugal
A prorrogação de um lockdown de âmbito nacional em Portugal nesta semana em reação a uma disparada de infecções de Covid-19 e números recordes de pacientes em tratamento intensivo não surpreendeu Marco, que já havia fechado sua academia em Lisboa no início deste mês.
Mas o empresário de 43 anos está cansado e aborrecido.
“Estamos nisto há um ano, algo deveria ter sido feito mais cedo”, disse ele à Reuters nesta sexta-feira enquanto levava o cachorro para passear na praça de uma igreja vazia.
Diante da maior taxa de mortalidade per capita do mundo, Portugal renovou um lockdown rigoroso até meados de fevereiro, proibiu viagens não-essenciais para seus cidadãos e impôs controles na fronteira com a Espanha.
O Ministério da Saúde relatou 13.200 infecções de Covid-19 e 278 mortes nesta sexta-feira, menos do que os níveis recordes do dia anterior, mas com um novo pico de 806 pessoas em tratamento intensivo – o que só deixa 44 leitos vagos em todo o sistema de saúde pública do país.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, disse que relaxar as restrições no período do Natal piorou a situação, mas também ressaltou a disseminação rápida de uma variante mais contagiosa que agora se estima ser responsável por cerca de um terço dos casos.
“Eles não tiveram coragem de manter as pessoas em casa. Foi um erro grande”, opinou Rui Pedro, de 56 anos, enquanto esperava sua condução de manhã no bairro lisboeta histórico de Campo de Ourique, cujas ruas estavam essencialmente desertas.