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Disneylândia acabou, alerta autor de teoria do ‘Cisne Negro’

31 jan 2023, 13:36 - atualizado em 31 jan 2023, 13:36
“A Disneylândia acabou, as crianças voltam para a escola”, disse o autor de “A Lógica do Cisne Negro” (Imagem: Pixabay/cordulaaa)

Nassim Nicholas Taleb tem um recado para investidores: preparem-se para um doloroso retorno à realidade.

“A Disneylândia acabou, as crianças voltam para a escola”, disse o autor de “A Lógica do Cisne Negro”. “Não vai ser tão tranquilo como nos últimos 15 anos.”

Uma geração de taxas de juros próximas de zero provocou bolhas de ativos e muita desigualdade, disse Taleb na segunda-feira em evento em Miami organizado em parte pela Universa Investments, a empresa de hedge funds que assessora.

Muitos investidores estão despreparados para um mundo de juros altos, pois o Federal Reserve agora eleva as taxas para níveis mais compatíveis com a história, destacou.

Taleb descreveu uma geração de investidores que, nos últimos 15 anos, esqueceu a importância do fluxo de caixa quando a crise financeira resultou na era de dinheiro fácil. Segundo ele, os criptoativos são um indicativo da ingenuidade dos mercados após anos de juros baixos.

“Em todos esses anos, os ativos estavam inflando loucamente”, disse Taleb. “É como um tumor, acho que é a melhor explicação.”

Taleb vê “tumores” em tudo: do Bitcoin aos preços dos imóveis, que dispararam sob um regime de juros baixos. Ele estimou essa “riqueza ilusória” em mais de meio trilhão de dólares e prevê que o Federal Reserve continuará aumentando as taxas.

Também citou o Twitter como um exemplo de companhias que gastam muito dinheiro e enfrentarão dificuldades sob um novo regime monetário. Embora não tenha citado Elon Musk, mencionou o dono Twitter como uma “mente brilhante em finanças” que recebeu uma dura lição sobre fluxo de caixa. “Já não chove dinheiro”, disse Taleb.

Seus comentários vêm na mesma semana em que seu colega, o diretor de investimentos da Universa, Mark Spitznagel, alertou investidores de que o mercado é uma “bomba-relógio” que poderia rivalizar com o desenrolar da Grande Depressão da década de 1930, devido ao “boom” da dívida.

Taleb é igualmente pessimista.

“As coisas não vão ficar bem por um tempo”, afirmou. “Temos os ‘valuations’ mais estranhos da história.”