Discurso do chanceler é compatível com mundo atual, diz diretor brasileiro da OMC
Depois de se reunir com o presidente Jair Bolsonaro, na tarde de hoje (3), o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, manifestou apoio ao discurso do ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, na cerimônia de transmissão de cargo. Para Azevêdo, o pronunciamento do chanceler foi compatível com as mudanças que ocorrem no mundo.
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“Acho que foi muito propício e compatível com o que está acontecendo. A própria Organização Mundial do Comércio está agora iniciando um processo de reforma. O chanceler disse no discurso que o Brasil vai se engajar nesse processo. Acho isso muito importante”, afirmou Azevêdo. No discurso feito ontem (2), Araújo criticou o globalismo na política externa e a forma como os acordos comerciais vêm sendo conduzidos
Segundo Azevêdo, os países identificaram a necessidade de revisar o sistema multilateral, particularmente a OMC. “O sistema multilateral não pode ficar enrijecido, imóvel. Precisa estar se renovando constantemente, respondendo às demandas do mundo moderno. O mundo hoje é completamente diferente do que existia há 10, 15, 20 anos. É importante que haja essa renovação. É o que estamos tentando fazer na OMC e imagino que outros organismos internacionais também”, argumentou.
Para o diplomata, não há contradição entre o Brasil priorizar acordos bilaterais em relação aos multilaterais. “Tenho dito com grande frequência que o caminho bilateral é mais rápido e mais efetivo, sobretudo nas negociações tarifárias e de acesso a mercados, do que o sistema multilateral. Todos os países fazem, e eu não vejo por que o Brasil não deva fazer”, afirmou.
Sobre o encontro com Bolsonaro, do qual participou o chanceler brasileiro, Azevêdo disse que foi uma “conversa franca”, em torno da agenda econômica e comercial.
“O cenário que se apresenta neste momento é de mudanças, que estamos verificando não somente no Brasil, mas no mundo inteiro. Acho que, a partir disso, criamos a oportunidade de aprofundar o diálogo entre a organização [OMC] e o governo brasileiro, com uma mentalidade aberta, prontos para pensar de maneira inovadora, que é o que estamos precisando”, afirmou Azevêdo.