Diretora da Precisa diz que invoice da Covaxin foi enviada dia 22 de março e desafia denunciantes
A diretora-executiva da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, sustentou nesta quarta-feira à CPI que a primeira invoice tratando da vacina indiana Covaxin só foi enviado no dia 22 de março, data diferente da relatada pelo servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, e desafiou que provem o contrário.
Segundo o servidor e o consultor técnico do Ministério da Saúde William Amorim Santana, a invoice foi enviada, na verdade, no dia 18 de março.
A data do envio do documento, uma espécie de fatura, faz diferença nas apurações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), já que Luis Ricardo e o irmão dele, o deputado federal, Luis Miranda (DEM-DF), afirmam ter relatado as suspeitas de irregularidades na aquisição da vacina pessoalmente ao presidente Jair Bolsonaro no dia 20 de março.
“Eu provei e provo, mais uma vez, que essa invoice só foi enviada no dia 22. E eu desafio o William Amorim e o Luis Ricardo a provarem também que eles receberam no dia 18, porque eles não vão conseguir. Então, eu estou disposta, inclusive, a fazer uma acareação junto com as informações que eles passaram e com os fatos, se é que eles os têm”, garantiu a depoente nesta quarta-feira à CPI.
Emanuela corrigiu declarações dadas por ela mesma em uma audiência do Senado, no dia 23 de março. Senadores chegaram a exibir o vídeo na reunião desta quarta.
“Então, referente ao vídeo, mais uma vez, eu não fui detalhista. Se eu soubesse que eu ia estar passando por isto aqui agora, eu ia ter lido, eu ia ter falado dia por dia, e-mail por e-mail”, afirmou.
Depois, explicou que na quinta-feira criou um link no Dropbox para encaminhar “documentos técnicos” ao Ministério da Saúde, através do Departamento de Importação.
“Mas ainda assim, eu já disse aqui, eu não fui detalhista nas questões das datas, eu não fui. E eu já provei que esse documento não estava com o ministério no dia 18, ele só apareceu no dia 22. E, mais uma vez, eu desafio o William Amorim e o Luis Ricardo a demonstrarem o contrário, porque eu provei e eu provo quantas vezes for necessário.”
O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), concordou, assim como outros integrantes da comissão, com a sugestão da depoente.
“A Comissão é inteligente. É muito inteligente. E aqui não tem… Aqui não tem bestinha. Deixa eu só dizer… Concordo. Ela está pedindo acareação, acho que nós devemos fazer acareação, até porque ela é que está sendo acusada e ela faz questão de fazer acareação”, disse Aziz.
Durante a oitiva desta quarta, Emanuela afirmou que em momento algum foi solicitado o pagamento antecipado pelas doses. Avaliou, ainda, que a Índia não tem conhecimento das particularidades do processo no país e seria “natural” que houvesse “erros materiais”, posteriormente corrigidos.
Os irmãos Miranda relataram à CPI indícios de desvio de conduta, invoice irregular, pedido de pagamento antecipado que o contrato não previa, quantidades diferentes.