Diretor de reguladora britânica quer “mais poder” para regulamentar criptomoedas
Charles Randell, diretor da Autoridade de Conduta Financeira (FCA, na sigla em inglês) do Reino Unido, solicitou que mais poder seja concedido à reguladora para supervisionar a promoção de criptomoedas.
Em um discurso feito hoje (6), no Simpósio Internacional sobre Crimes Econômicos da Universidade de Cambridge, Randell pediu por mudanças que permitiriam à reguladora tomar medidas contra anúncios cripto enganosos sobre tokens especulativos.
Randell afirmou que é “absolutamente imperativo” que essas promoções destaquem os riscos do investimento e que não deem a impressão de que o token em si é regulamentado.
“Visto que essas promoções são quase todas on-line, feitas muitas vezes por promotores não identificáveis em outros locais, é imperativo que qualquer regulamentação nessa área cubra anúncios pagos em plataformas on-line”, acrescentou Randell.
O diretor da reguladora destacou a iniciativa da socialite americana Kim Kardashian, que foi paga recentemente para promover a EthereumMax, em seu perfil no Instagram, para os seus 250 milhões de seguidores.
Além dos comentários de Randell, o Tesouro Britânico – que corresponde ao Ministério das Finanças do Reino Unido – está realizando uma consulta sobre uma possível regulamentação mais rígida quanto a determinados anúncios cripto.
Risco de contágio
O diretor da reguladora também destacou o “risco de contágio de atividades de empresas regulamentadas para atividades não regulamentadas de tokens digitais” – aparentando fazer referência aos esforços de companhias de serviços financeiros que oferecem negociação de criptomoedas a seus clientes.
Esse aspecto é particularmente relevante para o setor de tecnologia financeira (“fintech”). Aplicativos de investimento, como Freetrade, Plum e Trade Republic, na Europa, anunciaram que estão desenvolvendo ferramentas cripto, enquanto o neobanco Revolut adicionou Dogecoin à sua gama de tokens, em junho.
“É essencial que os comitês das empresas autorizadas pela FCA possam mostrar como têm lidado com os riscos que as atividades não regulamentadas relacionadas a tokens digitais podem representar a essas empresas: tanto para sua conduta quanto para sua integridade”, disse Randell.
Atualmente, a FCA mantém um registro de empresas com foco em cripto que atendem aos requisitos antilavagem de dinheiro, bem como uma lista de aplicantes que aguardam aprovação. A reguladora baniu anúncios de derivativos cripto para investidores do varejo em outubro do ano passado.
No entanto, em uma disputa recente com a corretora cripto Binance, a FCA mostrou dificuldade em monitorar o setor cripto usando meios tradicionais. De fato, a reguladora afirmou, em um comunicado em agosto, “não ser capaz” de supervisionar a Binance.