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Direto de Cannes: Artistas e/ou publicitários

21 jun 2018, 12:41 - atualizado em 21 jun 2018, 18:16

Por Giovanna Ricci, jornalista que trabalha com propaganda há mais de uma década em grandes agências

Um dos meus objetivos principais de estar em Cannes era descobrir coisas interessantes cujo foco não fosse necessariamente publicidade, mas que estivessem ao redor do tema. Ainda em São Paulo, a querida Rita Durigan, jornalista, assessora de imprensa e mãe da linda Valentina, me convidou para a mostra “InOut”, da apArt.

Eu já tinha ouvido falar em apArt, pois a Thais Marin, uma das idealizadoras tinha trabalhado com meu marido. Mas confesso que não tinha uma ideia real do que era o projeto.

A agenda aqui em Cannes é intensa e insana. Como eu não conseguiria prestigiar a noite inaugural, fui mais cedo para conhecer a exposição e saber mais sobre o projeto.

O lugar da mostra não era uma galeria, nem nada parecido. era o apartamento em que estavam hospedados a Thais e seu marido, o conhecido publicitário colombiano Leo Macias, e as produtoras executivas da Domo, Hwira Gibin e Karin Stuckenshmidt. Mas até aí, eu já sabia que a ideia da apArt era realizar exposições na casa do casal. O que eu não imaginava é que a casa era uma casa de verdade.

Assim que eu cheguei, a Thais estava dando uma entrevista para um veículo espanhol, a Hwira Gibin, da Domo – produtora parceira da iniciativa, desdeu as escadas de cabelo molhado (sim, ela tinha acabado de tomar banho) e o Leo chegou para arrumar o ar condicionado. No meio desse cenário, obras de arte enfeitavam as paredes.

Os autores das obras ou eram publicitários, ou pessoas ligadas às comunicações em geral, como Fernando Machado, celebre profissional de marketing,

Conversei com a Hwira sobre a motivação de levar a apArt com a inOut para Cannes e durante o papo soube inclusive que Domo significa casa em esperanto. Depois foi a vez de conversar com o Leo, que além inspirar a esposa a criar a apArt, é um dos expositores.

Ao lado de sua obra, uma caixa de correio alemã repleta de cartas, ele me contou que a inspiração veio quando ele estava na Alemanha depois de ter editado um livro sobre arte. De lá teve a ideia de mandar cartas para sete colecionadores de arte daquele país oferecendo doar suas obras. Nenhum dos 7 sequer respondeu. Sendo assim, ele começou a enviar cartas para si como se fossem essas pessoas. E nos envelopes de todas elas, colocou uma nuvem, que é o mesmo desenho de uma série que tinha feito anteriormente.

E foi assim que nasceu essa obra, que é eterna, viva, que conta uma história e vai sendo feita ao longo do tempo. A caixa não está mais perfeita, pois Leo leva ela para onde vai. Mas ele vai remendando, assim como fazemos com a vida.  

Por fim, conversei com a Thais que me contou que o apArt é como se fosse uma galeria, só que com pessoas morando nela. Hoje já são 3 “casas”: em São Paulo, onde moravam Thais e Leo, na Colombia, onde vivem atualmente e em NY, onde mora Maria Ines Moraes, sócia da Thais.  

O apArt é uma iniciativa muito inteligente que resgata o orgulho do publicitário, permitindo que ele coloque para fora todo seu lado artístico. Palmas para a Thais, para a Domo, para a Rita e para todos os artistas que tiveram suas obras expostas.

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