Direcional “imita” programa Casa Verde-Amarela e sai no lucro
Em tempos de pandemia e empobrecimento da população, muitas incorporadoras depositam suas esperanças em programas habitacionais bancados pelo governo, como o Casa Verde-Amarela – a versão do presidente Jair Bolsonaro para o Minha Casa, Minha Vida, marca das gestões petistas que o antecederam.
Mas a Direcional (DIRR3) encontrou uma estratégia que parece combinar o melhor de dois mundos – alcança um público elegível para o programa federal, sem se atrelar formalmente a ele. Para a Ativa Investimentos, esse foi o grande trunfo da incorporadora para garantir bons resultados no primeiro trimestre.
O segredo é a Riva, braço da Direcional para o segmento de imóveis para a classe média baixa. “O vigor da demanda por imóveis com preço médio um pouco acima do grupo 3 do programa habitacional do governo, impulsionada pelas taxas de financiamento ainda baixas, assegurou uma participação maior da Riva nas vendas totais, garantindo a manutenção da margem bruta”, afirma a Ativa.
Falta algo
O grupo 3 do Casa Verde-Amarela atende famílias com renda mensal de até R$ 7 mil. E é aí que “imitar” as características do programa federal, sem se amarrar a ele, faz a diferença para a Riva e, por tabela, para a Direcional.
“Dado o preço médio das unidades da Riva, a companhia consegue ofertar imóveis com condições de financiamento muito próximas ao Casa Verde-Amarela, sem estar impedido pelo teto de preço do programa habitacional do governo”, explica a Ativa.
Mas nada disso foi suficiente para a corretora mudar sua recomendação para o papel, que permanece neutra, com preço-alvo de R$ 15. O valor embute uma alta potencial de 10% sobre os R$ 13,63 com que o papel fechou ontem (10).
Resultados
O lucro líquido da Direcional saltou 170% no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2020, para R$ 27 milhões. Quando comparado com o quarto trimestre, contudo, o resultado é uma queda de 33%. A receita líquida somou R$ 413 milhões, elevação de 42%.
A empresa também anunciou que pagará R$ 100,1 milhões como dividendos intermediários. O valor corresponde a R$ 0,69 por ação. Considerando-se os R$ 13,63 com que o papel fechou ontem (10), o valor equivale a um retorno de 5%.