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Direcional (DIRR3): com 15 anos de IPO, construtora planeja continuar com a receita de transformar eficiência em dividendos

26 nov 2024, 11:35 - atualizado em 26 nov 2024, 11:35
paulo sousa - diretor financeiro da Direcional
Na foto, Paulo Sousa, diretor fiannceiro e de relações com investidores da Direcional. (Imagem: Divulgação)

A Direcional (DIRR3) consolida sua posição como uma das favoritas dos analistas no setor imobiliário, especialmente entre as construtoras voltadas para o público de baixa renda. Com uma sólida demanda, dividendos expressivos e aceleração nas vendas, a companhia demonstra eficiência operacional que sustenta sua trajetória de crescimento.

No terceiro trimestre de 2024 (3T24), a companhia surpreendeu positivamente com números recordes em vendas líquidas no período, alcançando a marca de R$ 1,8 bilhão – alta de 76% com relação ao 3T23.

O número foi também 9% maior do que o registrado no trimestre imediatamente anterior. Segundo o balanço, as vendas foram amplamente favorecidas pelo projeto comercializado no Pode Entrar, programa que visa reduzir o déficit habitacional em São Paulo.

Além das vendas líquidas, outros dois indicadores da companhia também bateram recordes durante o 3T24. O Lucro Líquido Operacional (desconsiderando os efeitos não recorrentes) foi de R$ 155,8 milhões, um crescimento de 15% e 88,5% em relação ao 2T24 e 3T23, respectivamente.

Em sua “melhor fase”, a companhia completou neste mês 15 anos desde a sua primeira oferta pública de ações na bolsa de valores brasileira e pretende continuar firme no propósito de entregar o que promete para aqueles que acreditam na empresa.

“Temos muito cuidado com os nossos acionistas e com o investidor em geral, é um foco muito grande da companhia em entregar os resultados”, disse Paulo Sousa, Diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Direcional, em conversa com o Money Times.

Desta forma, Sousa avalia que a construtora tem conseguido manter uma política de dividendos consistente e previsível, alinhada com a estratégia de geração de caixa e crescimento sustentável. O executivo destaca que a Direcional conseguiu distribuir proventos aos acionistas mesmo em um cenário macroeconômico desafiador.

“No comecinho do trimestre, fizemos um pagamento de dividendos de R$ 280 milhões. Nesse ano, o acionista que comprou a nossa ação no primeiro dia do ano, até agora, ele está com um dividend yield superior a 10%”, pondera Sousa.

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O que preocupa a Direcional?

Um ponto de atenção para o setor, no entanto, é a inflação da construção. Desde 2023, os níveis se mantiveram mais “suaves”, na visão o Itaú BBA,  ante os níveis recordes enfrentados em 2021 e 2022.

Para os analistas, essa calmaria pode preceder uma tempestade, uma vez que o Brasil não costuma manter o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) no atual patamar, de 4% a 5%, por muito tempo.

Com o impulso de programas sociais habitacionais, como o Minha Casa Minha Vida (MCMV), as construtoras de baixa renda acabam ficando ainda mais expostas à inflação, uma vez que nesses programas é necessário fixar preços de venda, enquanto o mercado fora da faixa do programa permite maior flexibilidade.

A Direcional, porém, possui uma cesta de custos que avança em ritmo inferior ao índice. Isso só foi possível, segundo o CFO da companhia por conta da sua eficiência produtiva e foco na redução de custos indiretos.

“Para nos proteger desse risco inflacionário, nós temos um ‘menu’ de várias estratégias. Não é uma única porque acho que não existe uma grande bala de prata que resolva tudo”, pontua ele.

Sousa destaca entre as principais estratégias adotadas estão uma maior eficiência no canteiro de obra e uma equipe própria, além do conservadorismo nos orçamentos e manutenção de velocidade de vendas equilibradas.

Outro ponto que o executivo destaca é o custo de mão de obra que a companhia consegue manter inferior ao índice por conta de tecnologia. Enquanto no INCC a mão de obra representa 40%, na Direcional ela representa 25%.

“Hoje, 100% dos nossos canteiros de obras são construídos utilizando uma metodologia em que a gente constrói o prédio usando formas de alumínio e o prédio é todo de concreto, é um ‘bunkerzinho’ de concreto em que a parede é toda de concreto”, destaca o diretor financeiro.

Justamente por enxergarem a mão de obra como um dos principais pontos de atenção no setor, Sousa destaca que a Direcional tem focado investimentos em tecnologia para conseguir suprimir essa demanda.

“O foco em tecnologia é importantíssimo para a gente diminuir um pouco a exposição à mão de obra que, de fato, gente tem visto escassez, em especial nos grandes centros”, diz.

O que esperar do futuro da Direcional?

Para 2025, Sousa diz que o ano tem tudo para caminhar por uma trilha positiva, assim como tem sido 2024, com números expressivos e oportunidades de crescimento, apesar de não descartar os impactos que a macroeconomia poder trazer ao setor.

Com um orçamento maior para o ano que vem para o  Minha Casa Minha Vida (MCMV) e demais programas habitacionais, de R$ 123 bilhões, a concorrência com as demais companhias voltadas ao setor de baixa renda seguirá acirrada. Mas o CFO entende que o déficit habitacional no Brasil ainda é muito grande e que há muita oportunidade a ser explorada ainda.

Para se ter uma ideia, o dado mais recente de 2022, divulgado pela Fundação João Pinheiro (FJP), mostra que o Brasil tem um déficit habitacional de 6,2 milhões de moradias, o que representa 8,3% do total de domicílios ocupados no país.

Desta forma, a Direcional segue confiante para os próximos 15 anos de IPO de que ainda é possível melhorar e entregar mais, mantendo o histórico da companhia de boa pagadora de dividendos, além de buscar os objetivos de longo prazo em comum com os acionistas.

“Acho que essa é a receita do bolo. Claro que depende da nossa competência de executar os nossos planos estratégicos, mas também depende de fatores que estão fora da companhia. Mas algo que nós temos como convicção é de que a gente vai buscar ser melhor a cada ano”, pontua.

Com um pé no Ibovespa

O Itaú BBA recentemente publicou a sua previsão para o próximo rebalanceamento do Ibovespa, programado para acontecer no dia 6 de janeiro. Na avaliação dos analistas da casa, a Direcional (DIRR3) é uma das ações próximas ao limite de inclusão e que podem aparecer nas prévias da B3.

Vale lembrar que as mudanças no portfólio do IBOV são feitas após três prévias oficiais realizadas pela própria B3, que acontecem em 2 de dezembro, 16 de dezembro e 2 de janeiro.

Para a Direcional, isso indica que a companhia está “no caminho certo”, com os acionistas negociando mais as ações e alcançando maior liquidez no mercado — um fator crucial para o crescimento e a atratividade da empresa.

“Ter uma ação líquida abre portas para acessar mais fundos e investidores de maior porte. Além disso, garante que, sempre que alguém quiser comprar ou vender, haverá facilidade de entrada e saída. A eventual inclusão em qualquer índice relacionado ao volume de negociação, na minha visão, representa uma conquista significativa tanto para a ação quanto para o acionista”, avalia Sousa.