Economia

Selic acima de 10,5%: Gestores da Verde e Genoa dão de ‘barato’ que juros precisam subir

12 ago 2024, 18:53 - atualizado em 12 ago 2024, 23:29
juros
(Imagem: Warren/Divulgação)

De um cenário de queda de juros, agora é provável que a Selic termine o ano acima de 10,50%. Pelo menos é o que se conclui do painel de gestores na Warren Day, que ocorreu em São Paulo nesta segunda-feira e contou com a participação de Luiz Parreiras, da Verde Asset, Bruno Serra, do Itaú, e André Raduan, da Genoa Capital.

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Parreiras foi direto e reto em suas colocações. O câmbio só piorou um cenário que já estava complexo para a inflação. O dólar sobe 13% no ano, e chegou a R$ 5,80 diante de ruídos internacionais.

“Fica muito difícil, na minha cabeça, não ter alguma alta para trazer de volta um pouco para o controle [da inflação]. Obviamente, a gente está dando tudo mais constante no cenário externo e aqui”, afirmou.

Para ele, com a alta do câmbio, que saiu de R$ 5 para R$ 5,7, ficou quase “inexorável e, com certeza, impactou as expectativas de uma maneira muito forte”. Além disso, uma combinação de economia doméstica pujante, desemprego nas mínimas e um impulso fiscal contribuíram para deixar a inflação acima da meta, pontuou Parreiras.

Na última sexta, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do Brasil, subiu 0,38% em julho — apontando para uma aceleração em relação à alta de 0,21% apurada em junho.

Raduan também recorda que o desemprego está baixo, enquanto as expectativas de inflação, inclusive nos parâmetros do próprio Banco Central, estão acima da meta.

“Eu acho que é uma discussão meio que tranquila: tem que subir juros. E acho que é a decisão correta, ela ancora não só as expectativas, mas diminui o prêmio de risco, e eventualmente, dá até chance para o segundo semestre do ano que vem você fazer cortes ainda maiores”, diz.

Ainda segundo ele, a alta da inflação está menos ligada ao câmbio e mais ao cenário doméstico.

Segundo o último Boletim Focus, para a taxa básica de juros, as projeções são de 10,50% para este ano, apesar disso.

Por outro lado, os economistas consultados elevaram as projeções para a inflação deste ano  de 4,12% para 4,20%.

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Falas de Galípolo

A fala dos gestores ocorreu logo após o diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, ter dito que a alta da Selic está ‘na mesa’ do Banco Central. As palavras de Galípolo foram bem recebidas pelo trio.

“Eu acho que a fala do diretor, tanto hoje quanto semana passada, desfaz um pouco aquele hit de credibilidade que o Banco Central teve naquela votação dividida. Por melhores que as intenções tenham sido naquele momento, elas acabaram gerando um contexto de perda de credibilidade e acho que se viu a alta”, disse Raduan.

Em outro momento, o diretor disse que o cenário atual é desconfortável para o cumprimento da meta de inflação, também apontando que dados mais recentes de inflação levantaram alertas e pontos de preocupação.

Galípolo reafirmou que seria um equívoco estabelecer uma relação mecânica entre o nível do câmbio e a política monetária. Segundo ele, outras variáveis já vinham incomodando o BC, como a desancoragem das expectativas, o mercado de trabalho apertado e o ritmo de expansão do mercado de crédito.