Dia Internacional do Arroz: EUA desbancam Brasil, oferta reduzida, inflação e El Niño; o que mexe com o mercado?
A data 31 de outubro marca o “Dia Internacional do Arroz“, um dos grãos mais consumidos no Brasil e no mundo.
O momento atual é de alta para os preços, de acordo com Evandro Oliveira, consultor na Safras & Mercado.
“No mês de novembro, há expectativa para uma maior demanda, então as indústrias vão tentar um reajuste no varejo, enquanto aguarda uma confirmação dessa demanda mais elevada”, diz.
Quanto à oferta, o cenário que se desenha é cada vez mais restrito, com alguns estados como o Rio Grande do Sul avançando no plantio. Existe ainda muita preocupação com o clima com a intensificação do El Niño.
- Intelbras (INTB3) derretendo: Aviso para sair ou oportunidade para comprar? Confira o que fazer com as ações agora no Giro do Mercado desta terça-feira (31), é só clicar aqui para assistir:
“O fenômeno climático se aproxima do seu pico agora em novembro, com reflexo em dezembro e janeiro e previsão de neutralidade apenas entre abril e maio. As chuvas atrapalham os trabalhos em algumas lavouras do RS, com atraso no plantio. Cenário típico de El Niño que deve interferir nos preços mais à frente”, explica.
Segundo Oliveira, podemos projetar um ingresso de oferta vindo do Paraguai entre novembro e dezembro. “Dessa forma, uma queda nos preços só deve acontecer a partir da entrada da safra do RS no mercado, entre fevereiro e março”, pontua.
Preços do arroz próximos da máxima histórica
Segundo o especialista, os preços da saca gaúcha de arroz estão em torno de R$ 105, com a máxima histórica para o balizador sendo registrada em outubro de 2020, em R$ 105,60.
Em setembro, o arroz avançou 3,2% no IPCA e acumula inflação de 10,29% de janeiro até o mês passado.
“Estamos bem próximos dessa máximas, e algumas projeções apontam para que esses preços superem esse registro de 2020 ainda nesta semana, mas há expectativa de baixa liquidez pelo feriado (Dia dos Finados), o que deve conter esse impulso”, analisa.
Já para as exportações, o Brasil deve encerrar outubro com 100 mil toneladas embarcadas, um bom número, considerando a escassez de oferta no mercado interno.
“Os Estados Unidos estão com uma colheita praticamente encerrada, uma produção maior e preços muito mais atrativos, em torno de US$ 410 por tonelada, que, convertido para saca de 50 kg, fica em torno de US$ 20,50, enquanto o preço de exportação no Porto de Rio Grande está em US$ 21,50”, discorre.
Desse modo, os Estados Unidos conseguem vender para maiores mercados deficitários, como México, Costa Rica e Venezuela, o que prejudica as exportações do Brasil.
Oliveira destaca que, por conta dos preços mais atrativos, Mato Grosso, Tocantins e Minas Gerais vão ampliar suas áreas plantadas com o grão, além de serem beneficiados pelo clima mais favorável nas regiões.