Dia do Rock: Exposição gratuita sobre Chorão, do Charlie Brown Jr, estreia em SP
Neste Dia Mundial do Rock (13), você que é fã da banda Charlie Brown Jr, ou de quem, em 1992, formou este grupo ao lado de alguns colegas, pode já ter um plano na agenda.
De hoje até o dia 28 de julho, Alexandre Magno Abrão, o Chorão, será homenageado na “Expo #ChorãoEterno”, que celebrará o legado e a trajetória do artista após uma década de sua partida.
Organizado pela Non Stop Produções e pelo filho de Chorão, Alexandre Ferreira Lima Abrão, a exposição irá acontecer no segundo andar da Galeria do Rock, em São Paulo, na loja de número 335, abrindo ao público às 9h.
Dia do Rock: início do Cbjr
Tudo começou em 1991, quando Alexandre tinha apenas 21 anos e estava em um bar, em Santos, assistindo ao show de uma banda. Em um momento, o vocalista do grupo em questão deixou o palco para fazer o seu intervalo, e foi aí que Chorão assumiu o microfone.
“Aí, agora sou eu. Toca uma aí para mim”, relembrou Chorão em entrevista à TV Cultura, onde recordou que pegou o microfone e começou a cantar a música “War Inside My Head”, da banda Suicidal Tendencies, no improviso.
Uma das pessoas que estava na plateia gostou do estilo de Alexandre, e o convidou para participar da banda “Whats Up”. Foi neste grupo que Chorão conheceu o baixista Luiz Carlos, o Champignon, que só tinha 12 anos na época.
O Chorão se inspirava na musicalidade da banda norte-americana, o Pantera. Além das composições também serem em inglês. Conforme diz a viúva de Chorão, Graziela Gonçalves, na obra “Se não eu, quem vai fazer você feliz?”, o músico admirava a potência vocal de Phil Anselmo, que foi um dos principais vocalistas da banda de heavy-metal.
Não demorou muito tempo para que, em 1992, Alexandre deixasse o grupo e criasse, ao lado de Champignon e do guitarrista Marcão Britto, o Charlie Brown – na época, ainda sem o “Jr”. Posteriormente, Thiago Castanho e Renato Pelado também entraram na banda, estabelecendo assim a formação inicial.
A ideia para o nome Charlie Brown surgiu quando, um dia, Alexandre estava dirigindo e perdeu o controle do carro, atropelando uma barraca de água de coco, que ficava em uma calçada de praia e tinha a figura do personagem da série Peanuts.
Foi para evitar problemas com a marca registrada que, aí, sim, Chorão incluiu o “Jr” ao nome, além de também sentir como se fosse o filho de uma geração marcante para o rock brasileiro, com bandas como Planet Hemp e Raimundos.
Quem foi o Chorão?
Ao contrário do que alguns podem imaginar, o Chorão não nasceu em Santos, mas sim no bairro do Tremembé, em São Paulo, no ano de 1970.
Até o Charlie Brown Jr se consolidar, a carreira de Alexandre permeou diversas vertentes, indo de auxiliar de câmera até vendedor de seguros.
As composições de Chorão transmitiam mensagens de insatisfação com a desigualdade social, mas também falavam sobre amor, autoconhecimento e a fé em si mesmo e em um mundo melhor. A fama de Alexandre agradava alguns, mas desagradava outros.
Apesar disso, o ícone do rock nacional não se deixava abalar pela forma como o rotulavam, pelo contrário, assumia as críticas à sua maneira e trazia, inclusive, uma lógica por trás dela.
Nesse sentido, um exemplo é o motivo pelo qual Alexandre se autointitulava como “Marginal Alado”. Chorão se sentia à margem da sociedade, sendo apontado como “rebelde” em uma época que o skate era mal-visto.
Em 2008, em entrevista ao Programa do Jô, Chorão disse que uma de suas músicas levou este nome, feita em parceria com o cantor Sabotage.
“Marginal por viver à margem, por ser visto sempre de uma certa maneira e colocado à margem. O alado porque a gente criou as nossas próprias asas e fez o nosso plano de voo. Hoje, mais do que nunca, ele (Sabotage) é alado porque não está mais aqui. Com certeza, ele está no céu”.
O marginal alado também tinha um certo desprezo no que envolvia questões de saúde mental, apesar de sempre ter amparado à esposa, Graziela Gonçalves, quando necessário, em crises de pânico ou ansiedade. O desapreço fica evidente em músicas como “Liberdade acima de tudo“, do álbum Imunidade Musical.
Gonçalves descreveu Chorão como um cara que, “por trás de toda aquela atitude e jeito ‘durão’, existia um menino frágil que sonhava em ser alguém de quem seus pais se orgulhassem, que ansiava por mostrar o seu valor e queria ser um cara bacana para o filho, que estava crescendo”.
“Ele era o tipo de pessoa que ostentava a aparência de bruto para manter as ameaças afastadas, mas no íntimo, era extremamente sensível”.