Dia de caos: Mercados já começam a precificar cortes menores da Selic
Os juros futuros, chamados DI, disparam na sessão desta terça-feira (03) puxados pelos recordes dos rendimentos dos tesouros americanos.
Agora, curva já começa a refletir a possibilidade de o Banco Central cortar a taxa básica Selic em apenas 0,25 ponto percentual em dezembro — e não em 0,50 ponto, como era o consenso.
No Brasil, o ajuste da curva desde o dia 20 de setembro foi perceptível: as taxas dos contratos para janeiro de 2026 e janeiro de 2027, por exemplo, subiram mais de 80 pontos-base.
Com o movimento desta terça-feira, a perspectiva para as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC também se alterou. Para o encontro de novembro, a curva a termo ainda precifica quase 100% de chances de o corte da Selic ser de 0,50 ponto percentual.
Já para dezembro, de acordo com o economista-chefe do banco Bmg, Flavio Serrano, a curva precificava durante a tarde quase 40% de chances de o corte ser de 0,25 ponto percentual, e não de 0,50 ponto percentual.
Para o economista, no entanto, a precificação para dezembro estava contaminada por ordens de stop loss (parada de perdas) e a expectativa ainda é por um ciclo de cortes de 0,50 ponto percentual da Selic, “pelo menos até março”.
Moutinho, da Ebury, diz que a precificação de corte de 0,25 ponto percentual em dezembro é “precipitada”.
“O Copom deve seguir nas próximas reuniões com corte de 0,50 ponto percentual. E caso os EUA não aumentem mais os juros, grande parte do sentimento negativo do mercado poderá ser revertido”, disse.
- AS 10 MELHORES AÇÕES PARA INVESTIR EM OUTUBRO: O analista-chefe João Piccioni revela as oportunidades da carteira da Empiricus Research, que deu tchau para a B3 (B3SA3) e incluiu um novo papel com grande potencial. Clique aqui e assistir ao Giro do Mercado!
Problemas com o tesouro americano
As taxas dos títulos da dívida de 1o anos, que ultrapassaram a marca dos 4.8%, renovando máximas não vistas desde a segunda metade de 2007.
O motivo para a maior onda vendedora de títulos do governo em 16 anos vem das apostas de que os juros nos Estados Unidos permanecerão elevados por um prolongado período de tempo.
De acordo com as projeções publicadas pelo Fed após a decisão do último dia 21 de setembro, há um risco de que o ciclo de afrouxamento monetário se inicie somente no fim de 2024.
Segundo analistas do mercado americano, outro fator que explica o avanço dos rendimentos no mercado de Treasuries é pressão por maiores compensações que possam cobrir o risco de carregar os ativos ao longo do tempo de maturação destes.
A disparada mexeu com o Ibovespa, que derreteu 1,49%, a 113.347 pontos, enquanto o dólar disparava 1,76%, a R$ 5,17.
Com Reuters e Jorge Fofano