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Dia das Crianças: Cuidado com presentes estereotipados; educação financeira é excelente alternativa

20 set 2024, 16:27 - atualizado em 20 set 2024, 16:27
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Os brinquedos de hoje ajudam a moldar os adultos de amanhã

Assim que chegamos a Recife, minha mãe quis logo agradar os netos (ansiedade de avó) e entregar alguns dos mimos que havia comprado para as férias.

Para meu filho, um menino de 6 anos, um livro de caça-palavras com nomes de cidades e países.

Para minha filha, uma menina de 8 anos, um livreto de adesivos da Turma da Mônica.

Para ele, uma atividade que auxilia na capacidade de memorização e de ampliação de vocabulário, ou seja, que promove atividades neurais como as sinapses.

Para ela, um entretenimento de baixíssima complexidade mental – para criancinhas de 2-3 anos, até poderia ser uma atividade para trabalhar a coordenação motora fina, o que claramente não era o caso.

Minha mãe é uma pessoa sem noção? De forma alguma, muito pelo contrário. A atitude dela é um exemplo (talvez mais explícito) de como ainda educamos nossas crianças com base em estereótipos de gênero.

Meninos, em geral, recebem brinquedos que enfatizam habilidades de construção, ação e agressividade: blocos de montar, bola, armas de brinquedo, caixas de ferramentas, entre outros. Para as meninas, o foco tende a ser o mundo da casa, do cuidado e da aparência: panelinhas, bonecas e maquiagens, por exemplo.

Os brinquedos de hoje ajudam a moldar os adultos de amanhã.

Além de estimularem diferentes capacidades e habilidades, os brinquedos ofertados às crianças carregam valores e intenções do mundo dos adultos que são internalizados pelas próprias crianças, que estão justamente buscando entender seu lugar no mundo.

O problema, claro, não está num único mimo de vó nas férias de verão, mas no efeito cumulativo de longo prazo das cotidianas mensagens (sutis ou explícitas) sobre papéis sociais de gênero.

Exagero meu? Faça você mesmo(a) a experiência mais simples e óbvia: uma pesquisa no Google usando as expressões “brinquedos de menino” e “brinquedos de menina”. Para mim, o resultado foi esse aqui:

E o Google, claro, não está sozinho. Via de regra, quando vamos numa loja de brinquedos comprar um presente, as duas primeiras perguntas que nos fazem obedecem ao script abaixo:

1. É para menino ou menina?

2. Qual a idade dele/dela?

Invariavelmente, a depender da resposta da primeira pergunta, somos encaminhados para um setor ou outro da loja que muito se assemelha à “divisão” do buscador online.

Acredito que a primeira pergunta que deveria ser feita por atendentes de lojas de brinquedo é: do que a criança gosta de brincar? Ou talvez pular direto para a questão da idade e, a partir daí, ofertar uma série de brinquedos de acordo com o tipo de habilidade que ele se propõe a desenvolver.

Em outras palavras, que a decisão do comprador seja baseada mais em skills do que em gênero.

Educação financeira é um belo presente para as crianças e pode ser estimulada pelas empresas

Uma outra excelente opção para o Dia das Crianças – e que não carrega nenhum viés de gênero – é oferecer presentes que auxiliem e estimulem a educação financeira dos pequenos.

Fornecer conhecimentos básicos sobre finanças pessoais e economia para as crianças de hoje é investir na saúde financeira dos adultos do futuro – e isso é fundamental inclusive para as empresas.

Pesquisa divulgada recentemente pela CNN Brasil revelou que problemas financeiros impactam a saúde mental e, consequentemente, a produtividade das pessoas.

Apesar de sermos uma sociedade historicamente deseducada financeiramente, há atualmente uma grande quantidade de materiais didáticos sobre o tema voltados para o público infantil.

E as empresas podem e devem se valer desses recursos para incentivar colaboradores a quebrarem esse paradigma dentro de suas casas.

Ano passado, por exemplo, a Empiricus realizou uma campanha na qual analistas da casa responderam dúvidas sobre dinheiro e investimentos de filhos de colaboradores.

Enfim, com o Dia das Crianças se aproximando, fica a dica para quem vai comprar presentes para a garotada, para quem vai vender e para quem cuida da gestão de pessoas dentro das empresas.

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Mãe, socióloga e eterna aprendiz. Por mais de 15 anos, trabalhei com análise, fortalecimento e desenvolvimento de políticas públicas de respeito e promoção de direitos fundamentais no Brasil e nos EUA. Depois de um sabático de 6 anos dedicados à maternidade, fiz transição de carreira para o mercado financeiro, atuando nas áreas de comunicação interna, DEI, employer branding e cultura organizacional. Sou Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo e Mestre em Estudos Latino-Americanos e Caribenhos pela New York University.
bruna.vogel@autor.moneytimes.com.br
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Mãe, socióloga e eterna aprendiz. Por mais de 15 anos, trabalhei com análise, fortalecimento e desenvolvimento de políticas públicas de respeito e promoção de direitos fundamentais no Brasil e nos EUA. Depois de um sabático de 6 anos dedicados à maternidade, fiz transição de carreira para o mercado financeiro, atuando nas áreas de comunicação interna, DEI, employer branding e cultura organizacional. Sou Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo e Mestre em Estudos Latino-Americanos e Caribenhos pela New York University.
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