Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha: Saber a remuneração de uma vaga pode aumentar a equidade salarial; entenda
O Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha é comemorado nesta segunda-feira (25). Apesar da presença expressiva na sociedade brasileira, os negros ainda são as pessoas mais afetadas pela pobreza, marginalização e pelo racismo.
As mulheres negras enfrentam barreiras de desigualdade ainda maiores. Pesquisa Transparência Salarial do Indeed Brasil mostra que para 68% dos entrevistados, a empresa em que trabalham poderia ser mais inclusiva.
Ainda assim, a maioria (71%) afirma que a companhia tem políticas para aumentar a diversidade e inclusão.
Mesmo com as iniciativas, diante de uma situação discriminatória ou de assédio, apenas 20% dos colaboradores entrevistados disseram que chegaram a fazer uma denúncia ao RH e souberam que providências foram tomadas; 14% disseram que denunciaram, mas não tiveram retorno do RH, e 16% não denunciou por medo de perder o emprego.
O estudo foi realizado, por meio de um painel online em maio de 2022, com 858 trabalhadores brasileiros para investigar o sentimento dos candidatos a emprego sobre transparência salarial, satisfação no trabalho, bem-estar, modelo de trabalho híbrido/remoto, diversidade e inclusão.
O abismo da desigualdade
Mas muitas das políticas ainda não se reverteram efetivamente em dados o que é visto pela baixa empregabilidade de mulheres negras.
O abismo de desigualdade para esse grupo em atuação nas empresas é notável quando analisado os dados do estudo Representatividade, Diversidade e Percepção – Censo Multissetorial da Gestão Kairós, consultoria de sustentabilidade e diversidade.
O levantamento contou com a participação de mais de 26 mil respondentes, apontando que mulheres negras no quadro geral das empresas representa 8,9%, em um contingente de 32% de mulheres.
Já em cargos de gerência e acima, o cenário é ainda mais desafiador, com apenas 3% de mulheres negras em uma população de 25% de mulheres líderes.
Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha
Com o objetivo de visibilizar a luta das mulheres negras contra o preconceito, opressão e falta de oportunidades em diversos setores, o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha passou a ser celebrado em 25 de julho.
A data foi criada em 1992, durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, que aconteceu em Santo Domingo, República Dominicana, marco que estimulou a Organização das Nações Unidas (ONU) a assumir a responsabilidade de pautar questões de raça e gênero em suas estratégias.
Por aqui, a data também celebra a líder quilombola, Tereza de Benguela, símbolo de luta e resistência do povo negro, que foi reconhecida pela Lei nº 12.987, de 2 de junho de 2014, como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, data de mobilização por igualdade de direitos.
Transparência salarial
Apesar das empresas ainda terem receio de compartilharem informações de salário, essa é uma prática que pode aumentar a equidade salarial e facilitar o processo de seleção dos recrutadores ao atrair talentos.
“Nossa pesquisa indicou que os candidatos estão cada vez mais seletivos e buscam o histórico das empresas antes mesmo de aceitarem participar de uma entrevista. Cerca de 76% dos entrevistados buscam informações sobre salários antes de aceitarem se candidatar a uma vaga”, aponta o diretor de vendas do Indeed no Brasil, Felipe Calbucci.
Diferença centenária
Segundo o Global Gender Gap Report 2021 do Fórum Econômico Mundial, apesar de existirem inúmeras iniciativas e esforços para diminuir o abismo entre salários, a lacuna global de gênero aumentou, em uma geração, de 99,5 anos para 135,6 anos.
Essa diferença é sentida no dia a dia. Os dados da pesquisa do Indeed indicam que as mulheres se sentem menos confiantes em pedir, por exemplo, um aumento salarial em seu emprego atual do que os homens, sendo 28% contra 21%.
Outro ponto relevante é que 34% dos entrevistados não sentem que seu salário está de acordo com sua carga de trabalho, destes, 55% são mulheres.
A desigualdade em números
No Brasil, o salário das mulheres negras ainda é 57% menor do que de homens brancos, 42% menor do que de mulheres brancas e ainda recebem 14% a menos do que os homens negros. Os dados são de um levantamento do IBGE e levam em conta os rendimentos de 2019.
“É possível observar que, quanto mais marcadores identitários, menor é a representatividade de mulheres negras dentro das empresas”, apontou a fundadora e CEO da Gestão Kairós e autora do livro “Como ser um líder inclusivo”, Liliane Rocha.
“Estamos acostumados a universalizar a questão da mulher pela mulher branca e quando olhamos para a mulher negra a gente vê que, estatisticamente, o abismo de direitos ganha proporções ainda maiores, por isso é urgente que as lideranças das empresas criem políticas que garantam efetivamente a igualdade racial e de gênero, assegurando o acesso a oportunidades e direitos básicos como educação, saúde e emprego, além, é claro, de combater a discriminação em todos os espaços. Só dessa forma conseguiremos acabar com a invisibilidade das mulheres negras”, acrescentou.
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