Dez small caps preferidas dos gestores
Como você já deve ter percebido, aqui no Market Makers acreditamos muito no poder das small caps. São as empresas que mais sofreram no ciclo de alta da taxa básica de juros, são as empresas que ainda são pequenas e as que a maioria dos investidores profissionais simplesmente ignoram.
Acreditamos tanto nelas que resolvemos fazer o Small Caps Masters, um evento especial no qual estamos trazendo os principais gestores do Brasil focados nesse tipo de ação. No primeiro dia, Rodolfo Amstalden, da Empiricus, e Werner Roger, da Trígono, falaram do cenário econômico e de sua filosofia de investimentos, respectivamente.
Ontem, segundo dia de evento, trouxemos quatro especialistas que resumiram, ao todo, dez teses de investimentos em small caps. Sem mais delongas, abaixo você encontra os resumos dessas teses e os gestores que as trouxeram para nós ontem. Se você quiser ver as teses completas, clique aqui.
Fras-Le (FRAS3) | Rafael Maisonnave, da Tarpon
Empresa com 67 anos de vida, que produz peças como discos de freio e amortecedores para carros. É uma companhia que pode ser acompanhada quase como um cálculo atuarial, uma vez que, a cada dia que passa, os carros estão mais próximos de terem que trocar suas peças, e 90% de suas vendas são itens de reposição. Em outras palavras, seus produtos têm consumo resiliente por serem essenciais e pela frota do país ser um número pouco volátil.
Além de ter sobrevivido tanto tempo em um ambiente problemático de negócios, como o brasleiro, a companhia tem uma margem Ebitda que cresce e negocia a múltiplos baixos em relação a blue chips e large caps. Resumindo, é uma companhia que cresce, resiliente, barata e com capacidade de crescimento inorgânico, via aquisições, que via de regra são muito bem sucedidas.
Marcopolo (POMO4) | Raphael Maia, da Organon
A Marcopolo é uma empresa que produz carrocerias de ônibus. Entre 2010 e 2013, empresários compraram muitos ônibus subsidiados — era até 20% mais barato do que comprar com juros a mercado. Depois de 2014, com o fim dos benefícios, houve uma ressaca e até 2019, a empresa passou por anos complicados. Hoje chegou a hora de trocar os ônibus comprados até 2013 e a companhia enxugar sua estrutura de produção, consegue margens fortes, de até 14% de margem Ebitda, com volume menor. É uma companhia que ganhou bastante eficiência na produção e em 2024 deve ter uma demanda superior a 2023, com o programa Caminho da Escola. Assim, esperamos que em 2024 seu Ebitda multiplique por 9 em relação a 2021, atingindo R$ 900 milhões.
Vulcabras (VULC3) | Matheus Soares, do Market Makers
Esse é o caso de uma empresa e um mercado que passaram por uma inflexão. Até 2018, Vulcabras e as outras companhias passavam por problemas, com marcas internacionais, como Nike e Adidas, despejando no Brasil calçados velhos a preços muito baixos. De lá para cá, as coisas mudaram, com a companhia licenciando a Under Armour e Mizuno no país, e a Nike passando para a Centauro.
Isso indicava que a venda de tênis esportivos seria um território no qual as empresas passariam a preocupar-se em ter boas margens. No caso da Vulcabras, desde 2019 seu lucro cresce 40% ao ano aliado a crescimento de margens e ROIC (retorno sobre capital investido) de 24%. Além desses ótimos números, tem uma oportunidade grande de crescimento no e-commerce.
Lavvi (LAVV3) | Rafael Maisonnave, da Tarpon
A incorporadora fez seu IPO em 2021, mas só entramos depois. É uma companhia ultracapitalizada, com R$ 500 milhões de caixa líquido, que faz poucos e grandes lançamentos. Consegue vender 180% mais que a concorrência, e com margem bruta acima da média, o que indica que mercado recebe bem seus empreendimento. Outro ponto positivo está no fundador e principal executivo da companhia, o Ralph Horn, que quando criou a Lavvi já tinha 30 anos de experiência.
Alguns de seus números são animadores. A companhia hoje negocia a módicas 6 vezes o lucro e distribuiu um terço do preço da ação nos últimos dois anos em dividendos e recompra.
Ocean Pact (OPCT3) | Raphael Maia, da Organon
Trata-se de uma empresa de embarcações de apoio para plataformas de petróleo. Apesar de não ter entregue o que prometeu desde seu IPO, deve ser ajudada por uma melhora na dinâmica do petróleo. Como a Petrobras deve colocar 14 novas plataformas em funcionamento, a necessidade de novas embarcações de apoio deve aumentar, ao mesmo tempo que a produção de novas embarcações fica comprometida devido ao alto custo de capital atual. Assim, os preços pagos pelo uso dos barcos da Ocean Pact deve crescer e sua geração de caixa se fortalecer.
Banco ABC (ABCB4) | Camilo Marcantônio, da Charles River
É um banco focado em emprestar dinheiro para empresas. A tese é simples: com os preços de hoje, você pode comprar uma companhia 25% mais barata que seu próprio valor patrimonial. Cabe lembrar que negociar abaixo do valor patrimonial não é necessariamente uma coisa boa — mas nesse caso, sim.
Orizon (ORVR3) | Gustavo Heilberg, da HIX
Fez IPO em 2021 e é a única do segmento, de operação de aterros sanitários. Ela opera 15 aterros e recebe uma tarifa para cada quilo de lixo que recebe e sua alavanca de crescimento é o movimento de valorização do lixo, o que acontece, por exemplo, com a produção de biogás como energia ou combustível. É um fluxo de caixa muito previsível, que deve crescer organicamente com o PIB.
Em outras regiões, como nos Estados Unidos, empresas semelhantes costumam conseguir repassar preços muito bem. Ela tem também um potencial de crescimento grande, com aquisições, como já feito com a Estre, e pela substituição dos muitos lixões que existem por aterros sanitários. É uma companhia num setor que cresce, com crescimento de Ebitda, retorno sobre capital alto, num preço interessante.
Mills (MILS3) | Matheus Soares, do Market Makers
É uma empresa que aluga plataformas elevatórias e outras máquinas pesadas que podem ser utilizadas em construção civil, eventos e outras montagens. Uma das maiores do mundo na área, tem vantagem competitiva na compra de equipamentos e na presença, que é nacional. Ao adquirir a Solaris e a Triengel, entrou em uma fase de crescimento importante. Olhando para frente, temos uma empresa que pode crescer 20% a 30% ao ano seu lucro por muito tempo. Onde ela é relevante, é a maior, e onde ainda não tem presença, está chegando forte. Enxergamos forte crescimento que não está refletido no preço
Tupy (TUPY3) | Camilo Marcantônio, da Charles River
Mais uma empresa de auto-peças, nesse caso uma fundição de blocos e cabeçotes para motores que vem fazendo grandes aquisições. É líder no hemisfério ocidental, e tem posição forte em relação às montadoras por causa do tamanho e da importância do que faz. Em termos de múltiplos, negocia a quatro vezes o valor da firma, ao mesmo tempo que é forte geradora de caixa em uma atividade que não demanda fortes investimentos adicionais — assim, seu caixa pode ser distribuído aos acionistas.
Recentemente adquiriu, por um preço barato, a MWM, que faz montagem de motores, tendo portanto uma grande sinergia consigo. O risco da eletrificação automotiva existe, mas a maior parte de seus motores e peças são para veículos pesados, onde a eletrificação é mais complexa.
Boa Safra (SOJA3) | Gustavo Heilberg, da HIX
Produtora de sementes de soja e de outras culturas, é uma empresa que licencia para si tecnologias de companhias como Bayer e Monsanto. É um negócio que cresce muito, em linha com o agronegócio brasileiro (3,5% ao ano há 20 anos) em termos de faturamento e também em termos de preço, conforme aumenta e muda a tecnologia. Hoje, tem 7% de market share, em um mercado que tende a ser consolidado, provavelmente por ela mesma. Desde seu IPO, em 2021, triplicou seu Ebitda, para R$ 210 milhões, mas seu múltiplo de 6 vezes lucro, é menor que o do seu IPO.
Não custa lembrar que esses são apenas resumos, simplificações em teses apresentadas em mais de duas horas de evento ontem. Para assistir as teses completas, apresentadas de modo mais aprofundado, clique aqui.
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