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Deveríamos pensar no bitcoin como uma reserva de energia? (Parte 3)

12 abr 2020, 11:00 - atualizado em 08 abr 2020, 14:59
(Imagem: Crypto Times)

Muitos criticam o bitcoin por conta do poder energético consumido na mineração, mas raramente é colocado no contexto geral de eficiência industrial e econômica.

Neste artigo, dividido em três partes, desmistificamos alguns dos mitos sobre energia e analisamos se deveríamos considerar o bitcoin como uma reserva de energia além de reserva de valor.

Parte 1 / Parte 2

Desmascarando mitos sobre energia

Energia renovável ainda não fez diferença por conta da nossa dependência em combustíveis fósseis

Apesar do clima agradável acerca da indústria de energia renovável, a realidade é bem mais séria. Estima-se que, atualmente, usamos 90% da energia global proveniente de fontes fósseis como carvão e petróleo.

Isso é bem mais do que na década de 2000, e fontes de energia renovável apenas contabilizam 1% do total.

Os alemães não são tão eficientes

Alemanha, grande exemplo da Revolução Industrial, não está longe de abandonar seus combustíveis fósseis. Em 2000, combustíveis fósseis forneceram 84% da energia total do país.

Então, o governo começou uma campanha de energia renovável, Energiewende, criando 90 gigawatts de capacidade de energia renovável para complementar sua geração atual de energia elétrica.

Porém, como o sol na Alemanha só aparece 10% do tempo, o país ainda é dependente de combustíveis fósseis: em 2017, ainda faziam parte de 80% de sua energia.

Energia renovável só contabilizaram 12,6% do total de consumo de energia do país em 2016. A Alemanha ainda importa mais de 63% de sua energia; exporta cerca de 98% de seu petróleo bruto, 88% de seu gás natural, 87% de carvão e 100% de urânio.

Por ser o país mais populoso do mundo, a China deve mitigar os efeitos estufa e dar um exemplo para o mundo (Imagem: Freepik/www.slon.pics)

China abandona o carvão

A revolução renovável da China é um equívoco.

Apesar do governo estar gastando mais nesse setor do que qualquer outro país, para resolver o problema da população asfixiando sua população, as empresas chinesas de carvão pretendem mitigar essa poluição ao construir 700 novas plantas de carvão em todo o mundo nesta década, totalizando quase metade de toda a produção de energia de carvão.

O mundo vai diminuir o consumo de carvão em 43% se todas as novas plantas forem construídas.

Consumo de energia para a mineração de bitcoin

A mineração de bitcoin é outra vilã no debate climático e a narrativa repetitiva de que consume a mesma energia que um país inteiro.

Porém, a maioria dos mineradores estão localizados em áreas onde existe excesso de energia hidrelétrica, como Quebec, no Canadá, e no oeste da China, onde existe uma excesso de capacidade nas hidrelétricas devido à queda na produção de alumínio.

De forma progressiva, fazendas de mineração estão sendo operadas em fontes solares, como a empresa SPI Solar, listada na Nasdaq.

O Índice de Consumo de Energia para a Mineração de Bitcoin, amplamente usado como referência para o consumo total de energia da mineração de bitcoin, foi criado por um jovem analista de dados com nenhum conhecimento em economia energética. O modelo foi criticado por sua imprecisão por cientistas da área (Imagem: Digiconomist

Jonathan Koomey é um professor da Stanford University, pioneiro em estudos sobre o uso de eletricidade em equipamentos de Tecnologia da Informação e que ajudou a desmistificar as previsões superexageradas do consumo de energia para a internet na era “pontocom”.

Koomey disse ao site CBNC que o modelo da Digiconomist é “uma forma não confiável de realizar a análise e que nenhum analista de energia deveria fazer isso”.

O índice é falho porque calcula o consumo de energia do bitcoin ao estimar a receita e gastos de mineradores e, “a qualquer hora que você fizer isso, você acrescenta múltiplas camadas de erro e incerteza”, afirmou Koomey.

Mesmo se os números da Digiconomist estiverem corretos, o poder energético de mineração de bitcoin só totalizaria uma fração de 1% da demanda global.

Christian Catalini, um professor assistente da Faculdade Sloan de Administração do MIT, afirmou que esse modelo, dentre outros, “são baseados em hipóteses muito fracas”.

“Eu não acho que alguém consiga afirmar com certeza sem ter dados verdadeiros de mineradores.”

Levando em consideração os níveis históricos e atuais de eficiência energética, seria pedante avaliar o bitcoin sob os méritos das emissões de carbono.

Assim como muitas previsões da era “pontocom” sobre o nascente consumo de energia da internet foram exageradas, devemos tomar muito cuidado com as estimativas atuais dessa quantidade desconhecida.

Como todos os bens produzidos, a energia gasta é integrada ao preço — então por que com o bitcoin seria diferente? Em uma economia descentralizada alimentada pela Internet das Coisas, finalmente poderemos aumentar os níveis de eficiência agregada além dos níveis da era “pontocom”.

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