Bancos

Deutsche Bank planeja mais demissões após retração em trading

27 abr 2023, 15:29 - atualizado em 27 abr 2023, 15:29
Deutsche Bank
O Deutsche Bank anunciou a medida com os resultados do primeiro trimestre, quando a receita com operações de renda fixa encolheu 17% (Imagem: Bloomberg)

O Deutsche Bank planeja demitir cerca de 800 funcionários de back-office de nível sênior, em uma estratégia do CEO Christian Sewing para intensificar o corte de custos diante da desaceleração da divisão de trading, que tem impulsionado grande parte do crescimento do banco.

O Deutsche Bank anunciou a medida com os resultados do primeiro trimestre, quando a receita com operações de renda fixa encolheu 17%, um dos piores desempenhos entre bancos de investimento que divulgaram balanço até agora.

A queda foi compensada por um salto de 35% na receita de banco corporativo, o que levou o Deutsche Bank ao maior faturamento desde 2016.

Sewing tem se apoiado cada vez mais nas divisões corporativa e de private bank para impulsionar o crescimento, à medida que o “boom” das negociações nos últimos anos perde força e a Europa emerge de sua experiência com taxas de juros negativas. Embora tenha conseguido acelerar a expansão da receita e da rentabilidade, o avanço da inflação e o investimento em controles estouraram as despesas de forma frequente desde que o executivo assumiu o cargo, há cinco anos.

As demissões anunciadas nesta quinta-feira devem ajudar o banco a economizar 500 milhões de euros (US$ 553 milhões) anualmente até 2025, o que coloca sua meta de médio prazo em 2,5 bilhões de euros.

O Deutsche Bank informou que espera registrar cerca de 500 milhões de euros em encargos relacionados este ano para despesas como indenizações.

Para apoiar as reduções de custos, o Deutsche Bank decidiu encolher seu conselho de administração para 9 membros dos 10 atuais, disse o banco na quarta-feira, confirmando informações divulgadas anteriormente pela Bloomberg.

A diretora para as Américas, Christiana Riley, vai deixar o banco em uma ampla reorganização que também passa a responsabilidade pelo braço de gestão de ativos para o diretor financeiro, James von Moltke.

Sewing indicou que, apesar dos cortes de custos, planeja contratar mais banqueiros e clientes do Credit Suisse, depois que o banco suíço teve que ser resgatado pelo UBS.

A contratação seletiva na unidade corporativa, banco de investimento e gestão de patrimônio deve ajudar o Deutsche Bank a superar uma meta de crescimento anual da receita de cerca de 4% até 2025, disse.

“Somos um lugar natural para alguns desses relacionamentos com clientes e pessoas, e essa é uma oportunidade que buscaremos capitalizar”, disse Von Moltke em entrevista à Bloomberg TV, em referência a clientes que podem estar em busca de diversificação após a fusão dos dois bancos suíços.

O maior banco da Alemanha já contratou dezenas de ex-funcionários do Credit Suisse nos últimos meses, inclusive para negociação de crédito. A divisão de trading de Ram Nayak busca se expandir seletivamente em novos produtos para compensar o desaquecimento no negócio existente.

O desempenho da unidade de trading no primeiro trimestre coloca o Deutsche Bank em linha com o Goldman Sachs, que registrou o pior resultado de renda fixa entre grandes empresas de Wall Street. Bancos apresentaram desempenho muito divergente em um período volátil, marcado pelo colapso do Silicon Valley Bank e pela fuga de clientes do Credit Suisse.

O próprio Deutsche Bank se tornou alvo de especuladores no final de março, em uma onda de vendas que levou a uma queda de 15% no preço da ação do banco em 24 de março. Von Moltke disse que a instituição foi vítima de um “ataque especulativo”, embora a maioria dos clientes tenha permanecido.

O “mercado não entende o quão conservadoramente somos capitalizados”, disse von Moltke. “Depois que março acabou e entramos em abril, como um interruptor de luz, as preocupações em torno do setor bancário desapareceram.”

O breve susto destacou como o Deutsche Bank continua vulnerável e por que tem demorado a retornar capital aos acionistas, após sair de quatro anos dolorosos de cortes de custos com uma rentabilidade que ainda está aquém de muitos rivais. Embora a empresa tenha prometido devolver até 8 bilhões de euros a investidores nos próximos anos, inclusive por meio de recompras de ações, ainda não anunciou um programa desse tipo.

O banco alemão disse nesta quinta que iniciou conversas com supervisores sobre uma recompra e espera lançar um programa no segundo semestre. Uma revisão de seus modelos de risco pelo Banco Central Europeu atrasou os planos anteriormente.

Compartilhar

TwitterWhatsAppLinkedinFacebookTelegram
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar