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Deutsche Bank aposta no México enquanto rivais miram saída

22 fev 2023, 16:30 - atualizado em 22 fev 2023, 16:31
Deutsche Bank
Enquanto o Deutsche Bank deu vida à unidade de negociação, o Credit Suisse fechou seu banco de investimento e corretora este ano, enquanto o UBS encerrou a divisão de trading no fim de 2021 (Imagem: Bloomberg)

O Deutsche Bank vê oportunidades no México onde outros bancos de investimento não veem.

O banco alemão decidiu expandir suas operações na segunda maior economia da América Latina com o objetivo de atrair o interesse internacional na base manufatureira do país, de acordo com Christiana Riley, diretora-presidente do Deutsche Bank Americas.

Isso significa foco na oferta de mais derivativos de câmbio e renda fixa para clientes corporativos, explicou.

A expansão contrasta muito com bancos como o UBS e o Credit Suisse, que buscaram encolher as operações no México nos últimos anos, à medida que tentam cortar custos e sair de mercados não essenciais.

O Citigroup está vendendo sua unidade de varejo, o Banamex, enquanto mantém os negócios de banco corporativo e de investimento.

“O volume de entrada de investimentos guia a necessidade de soluções incrementais de câmbio e gerenciamento de risco”, disse Riley em entrevista nos escritórios do banco na Cidade do México. Em relação aos cortes de empregos enfrentados por grande parte do setor, a executiva destacou que o banco se concentra em quem pode contratar, já que outras empresas demitiram funcionários no México e nos EUA.

O peso mexicano é negociado perto de uma máxima em cinco anos, enquanto o mercado acionário local teve um forte início de ano, apoiado por sinais de que mais e mais empresas começam a transferir fábricas para o México para aproveitar sua proximidade com os EUA, em uma tendência chamada de “nearshoring”. Os parques industriais do país se beneficiam com a realocação das cadeias de suprimentos por companhias internacionais, com demanda de empresas em países como China, Itália, Alemanha e Coreia do Sul.

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Depois de reduzir sua presença em 2016, o banco de Frankfurt começou a reconstruir sua unidade de trading no ano passado, com Marliz Mejia como CEO do Deutsche Securities Mexico. Mejia disse que a operação doméstica, com 30 funcionários, foi apoiada por 120 milhões de euros (US$ 128 milhões) em investimento de capital.

Neste ano, o escritório começará a atender clientes institucionais locais, como fundos de pensão, contou a executiva na terça-feira.

Mejia alertou que os riscos para o peso incluem os efeitos indiretos de uma recessão nos EUA ou uma medida do banco central do México para se desvincular da trajetória de aumentos de juros do Federal Reserve. Eleições no ano que vem também devem trazer volatilidade ao peso, disse.

Ainda assim, por enquanto, não há sinais de investidores em busca de hedge com a expectativa de uma grande variação no peso devido às eleições, disse Mejia. Ela também não vê o uso arriscado de derivativos que causou grandes problemas a empresas mexicanas como Cemex e Comercial Mexicana na esteira da crise financeira de 2008.

“Os derivativos com os quais trabalhamos, com nossos clientes, são orientados para se proteger desses riscos”, afirmou. “Não são orientados a assumir posições como vimos no passado.”

Enquanto o Deutsche Bank deu vida à unidade de negociação, o Credit Suisse fechou seu banco de investimento e corretora este ano, enquanto o UBS encerrou a divisão de trading no fim de 2021.

Até agora, o Deutsche Bank evitou os cortes de empregos em larga escala que afetaram alguns outros bancos de investimento, concentrando as demissões fora de sua unidade de trading. Riley disse que o banco não precisou realizar grandes cortes porque passou por uma transformação nos últimos anos, e nunca contratou demais.

“Na verdade, estamos olhando mais para as oportunidades de contratação oportunistas que surgem como consequência de deslocamentos em outras instituições, sejam elas instituições europeias que operam nos EUA e fora dos EUA, também aqui no México”, destacou Riley.