Detentores de títulos dizem que oferta de dívida da Argentina causaria “perdas desproporcionais”
Os maiores detentores de títulos da Argentina reiteraram nesta segunda-feira que não aceitarão a oferta do governo de reestruturar 65 bilhões de dólares de sua dívida externa, enfrentando Buenos Aires, que afirmou que não melhorará sua proposta.
Grupos de credores –que incluem BlackRock, Fidelity e Ashmore e os hedge funds Greylock Capital, HBK e Pharo Management– disseram que querem “deixar claro” que não apoiarão a proposta da Argentina de suspender os pagamentos de juros por três anos e o pagamento de principal até 2026.
Os grupos afirmaram que os termos exigem que os detentores de títulos sofram “perdas desproporcionais que não são justificadas nem necessárias”.
O impasse está aumentando o risco de a Argentina cair em um nono default de dívida soberana em 22 de maio, quando o período de carência para um pagamento de juros não efetuado perder a validade. O nono default seria um recorde.
O ministro da Economia do país, Martín Guzmán, escreveu em um artigo de opinião no Financial Times no domingo que a Argentina não consegue pagar mais aos credores, especialmente com o coronavírus que agora devastou as exportações e as receitas fiscais.
“No novo mundo do Covid-19, não podemos continuar gastando 20% ou mais da receita do governo em pagamentos de dívidas –como alguns credores efetivamente pediram. É simplesmente impossível”, disse Guzmán, acrescentando que “o tempo das ilusões acabou”.
A oferta atual da Argentina inclui um período de carência de três anos, uma redução de 5,5% no principal dos títulos e uma redução de 62% no pagamento de juros. Isso deixa aos credores um cupom médio dos bônus de 2,3%, em comparação com a média atual de 7%.
Em sua recusa reiterada à oferta nesta segunda-feira, os grupos de detentores de títulos disseram que “estão preparados para se envolver construtivamente com a Argentina quando seu governo estiver pronto para fazê-lo, com o objetivo comum de encontrar uma solução viável para os atuais desafios financeiros da República”.