Desvalorização do peso anima produtores da Argentina, mas possível aumento das ‘retenciones’ por Milei preocupa
No fechamento da quarta-feira (14), os principais grãos negociados na Bolsa de Chicago (CBOT), como a soja, milho e trigo recuaram após as novas medidas econômicas anunciadas pela Argentina.
De acordo com analistas da Safras & Mercado, a decisão do novo presidente da Argentina, Javier Milei, de desvalorizar a moeda local (peso), deve impulsionar as exportações de commodities do país, aumentando a competitividade com o produto norte-americano.
Para Leandro Gilio, professor e pesquisador especializado em agronegócio no Centro de Agronegócio Global do Insper, a desvalorização cambial é uma possibilidade de estímulo ao mercado exportador do país.
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“As commodities, em um primeiro momento, tornam-se mais competitivas. Não era uma surpresa a desvalorização cambial, dado que as taxas eram mantidas de modo artificial. No entanto, a mudança brusca pode reverberar na economia do país”, explica.
Aumento das retenciones
Por outro lado, além da desvalorização, que seria inicialmente positiva para o setor, há um surpreendente rumor de elevação das taxas relacionadas às “retenciones“, política de restrição e taxação às exportações.
De acordo com o jornal argentino La Nacion, há um plano do Governo em estabelecer uma alíquota de 15% para todos os produtos de exportação da Argentina, o que irritou os produtores do país, que já esperavam um fim dos impostos.
“O mercado argentino esperava uma diminuição ou extinção das retenciones. No entanto, creio que a crise fiscal impede que isso seja implementado logo nesse início”, finaliza Gilio.
Ainda nesta quinta, a Argentina reabriu o registro para empresas agroexportadoras oficializarem as operações de comércio de grãos, após a desvalorização do peso.