Coluna do André Galhardo

Destaques da semana: IPCA deve apresentar forte desaceleração em janeiro; IBGE divulga números na terça (11)

10 fev 2025, 7:30 - atualizado em 10 fev 2025, 7:30
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Inflação deve começar a mostrar efeitos da desaceleração econômica no Brasil, algo parecido com as expectativas para os Estados Unidos. (Crédito: Divulgação)

Veja os indicadores econômicos que serão destaques entre os dias 10 e 14 de fevereiro, com projeções e comentário.

Inflação doméstica deve apresentar forte desaceleração em janeiro

A queda nos preços da energia elétrica, impulsionada pelo bônus de Itaipu concedido em 2023, deve contribuir para que a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no mês fique próxima de zero. Apesar dos riscos inflacionários no horizonte, os dados de janeiro podem sinalizar uma perda relativa de ritmo no aumento dos preços dos alimentos, conforme sugerem alguns indicadores antecedentes. Nossas projeções indicam que o IPCA de 2025 deve variar cerca de 4,86%, acima do teto da meta, que atualmente é de 4,50%. O índice será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (11).

Serviços e varejo devem crescer em dezembro, apesar da desaceleração da economia

Após a queda de 0,3% na produção industrial e os indicadores antecedentes de janeiro apontarem para a continuidade da desaceleração da economia doméstica, o mercado de trabalho aquecido pode ter sustentado um crescimento marginal no varejo e nos serviços no último mês de 2024. Os indicadores saem na quarta-feira (12) e na quinta-feira (13), respectivamente. Caso as projeções para dezembro se confirmem, o comércio varejista e o setor de serviços devem encerrar 2024 com altas de aproximadamente 4,5% e 3,1%, respectivamente. Embora a projeção de dezembro indique uma taxa moderada de expansão, é importante destacar que o índice de gerentes de compras composto (PMI, na sigla em inglês) sugere uma forte contração da economia em janeiro, alcançando seu nível mais baixo desde abril de 2021. 

Inflação nos EUA deve desacelerar, mas Fed deve manter juros altos

Índice de preços nos Estados Unidos, que sai na próxima quarta-feira, deve refletir a desaceleração do mercado de trabalho em janeiro, com a variação acumulada em 12 meses arrefecendo pela primeira vez em três meses. Apesar do desempenho econômico ainda acima do desejado, os dados do mercado de trabalho relativos a dezembro e janeiro indicam uma perda de ritmo na criação de empregos, o que pode favorecer um cenário inflacionário mais controlado nos primeiros meses de 2025. A inflação acumulada em 12 meses deve ficar ligeiramente abaixo de 2,9% antes de recuar ainda mais no período encerrado em fevereiro. No entanto, apesar da desaceleração da inflação e dos discretos sinais de enfraquecimento da atividade econômica, o Federal Reserve (Fed) não deve reduzir a taxa básica de juros nas próximas duas reuniões de política monetária, agendadas para março e maio deste ano.

Empresários antecipam compras e produção nos EUA diante de incertezas comerciais

A antecipação de compras, embarques e produção deve impactar os dados de atividade econômica nos Estados Unidos em janeiro. A expectativa de que o governo adote medidas protecionistas nos próximos meses, aliada aos sucessivos adiamentos dessas decisões, tem levado empresários de diversos setores a antecipar aquisições e parte da produção local. O PMI industrial subiu para 51,2 pontos em janeiro, após passar seis meses abaixo da linha neutra de 50 pontos. Já o PMI de serviços, que desacelerou significativamente no mês, reforça a percepção de que a antecipação às possíveis tarifas tem fornecido um impulso adicional à economia norte-americana nas últimas semanas. Com isso, dados de produção industrial e vendas no varejo, esperados para esta semana, devem mostrar ímpeto da economia dos Estados Unidos na abertura de 2025.

China deve ampliar estímulos em meio a sinais de desaceleração econômica

Os novos empréstimos na China atingiram cerca de 4,5 bilhões de yuans em janeiro, uma alta de 7,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Embora a meta de crescimento de 5% em 2024 tenha sido alcançada, o processo foi turbulento e levantou dúvidas sobre a capacidade da economia chinesa de sustentar um ritmo forte de expansão. Para este ano, números mais fracos de atividade e emprego, inclusive indicadores antecedentes, como o volume de novos empréstimos, devem pressionar o governo e o Banco Central chinês a antecipar as medidas de estímulos econômicos prometidas há algumas semanas.

Leitura preliminar do PIB deve forçar estagnação na Zona do Euro no quarto trimestre de 2024

Pelo segundo trimestre consecutivo, o PIB europeu deve apresentar crescimento nulo. Os números serão apresentados na próxima sexta-feira (14), e se confirmada a estagnação trimestral, o resultado levaria a uma expansão anual de apenas 0,9%, um desempenho fraco diante do crescimento mais acelerado de EUA e China. Para reverter esse quadro, a tendência é de cortes adicionais na taxa de juros, na tentativa de impulsionar a atividade econômica na região. A despeito da expectativa de uma política econômica mais ativa e expansionista, os problemas ligados às questões de suprimento de energia e competitividade do parque fabril europeu devem manter as maiores economias do bloco relativamente estagnadas.

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Consultor Econômico da plataforma Remessa Online
Professor e mestre em Economia Política, Galhardo também é economista-chefe da consultoria Análise Econômica, coordenador e professor universitário nos cursos de Ciências Econômicas, Administração e Relações Internacionais e Mestre em Economia Política pela PUC-SP. Ele possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, com passagens pelo setor público
andre.galhardo@autor.www.moneytimes.com.br
Professor e mestre em Economia Política, Galhardo também é economista-chefe da consultoria Análise Econômica, coordenador e professor universitário nos cursos de Ciências Econômicas, Administração e Relações Internacionais e Mestre em Economia Política pela PUC-SP. Ele possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, com passagens pelo setor público
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